UOL


São Paulo, segunda-feira, 25 de agosto de 2003

Próximo Texto | Índice

ERUDITO

Violoncelista se apresenta com o pianista Menahem Pressler para tocar série de cinco sonatas do compositor alemão

Meneses executa "ousadia" de Beethoven

Orzmud Alves - 3.abr.2002/Folha Imagem
O violoncelista brasileiro Antonio Meneses, que faz três apresentações a partir de hoje com o pianista Menahem Pressler, em que executam sonatas de Beethoven


JOÃO BATISTA NATALI
DA REPORTAGEM LOCAL

O violoncelista Antonio Meneses e o pianista Menahem Pressler trazem entre hoje e quarta-feira ao teatro Cultura Artística algo de suntuoso do repertório camerístico: a integral das cinco sonatas para os dois instrumentos do compositor Ludwig van Beethoven (1770-1827).
Pressler, nascido na Alemanha, crescido em Israel e residente nos Estados Unidos, criou em 1955 o Trio Beaux Arts, ao qual Meneses se integrou recentemente. Meneses, 45, é brasileiro, radicado na Suíça e está atualmente entre os cinco ou dez maiores nomes do violoncelo no mundo.
As sonatas foram compostas por Beethoven aos poucos. A primeira, de 1796, é uma peça essencialmente clássica. A última, de 1827, já é exemplar do romantismo nascente.
Eis os principais trechos da entrevista de Meneses.

Folha - Por que a escolha dessas sonatas para piano e violoncelo?
Antonio Meneses -
A razão principal está na grande sorte que tive de poder atuar com um dos maiores músicos de câmara da atualidade, Pressler. Foi ele quem sugeriu Beethoven, cujas sonatas são o que há de mais importante para nossos instrumentos.

Folha - É o mesmo programa que vocês interpretaram neste ano em Lisboa e Paris?
Meneses -
Sim. E tocamos também na Áustria e na Itália. A idéia é retomar o mesmo programa em turnê no ano que vem.

Folha - Não é considerado também o fato de a escrita de Beethoven não reduzir o violoncelo a simples acompanhador do piano? As duas partes são equilibradas nas cinco sonatas.
Meneses -
Em verdade, a primeira e a segunda sonata têm uma pequena predominância do piano, já que Beethoven, como pianista, escreveu para si mesmo. Mas a partir da terceira se vê um grande equilíbrio musical.

Folha - Para os ouvidos contemporâneos de Beethoven essas peças não teriam sido de harmonias muito avançadas?
Meneses -
Sem dúvida. Até a própria idéia dessa dupla já era ousadíssima. Ninguém tinha tido até então a idéia de reunir um piano e um violoncelo.

Folha - Existe nessas cinco sonatas algo que seja fundamental para a descoberta da sonoridade do violoncelo?
Meneses -
Acredito que sim. Nós hoje em dia ainda continuamos a descobrir. A relação entre o violoncelo e o piano é por vezes um pouco frágil. O piano pode ser muito sobrepujante.

Folha - Mesmo que a duração de uma nota do piano seja mais curta?
Meneses -
O que faz com que o compositor sempre faça o piano tocar um número maior de notas que o violoncelo, que é capaz de produzir notas longas.

Folha - Esta é sua terceira vinda a São Paulo em 2003. Você voltará ainda uma outra vez?
Meneses -
Sim. Para concertos que preparam as gravações com músicos da Osesp das "Bachianas" de Villa-Lobos. Depois, só em abril do ano que vem.

Folha - Como anda sua agenda de gravações?
Meneses -
Em março de 2004 o Beaux Arts voltará a gravar. Faremos a integral dos trios de Schubert.


MENAHEM PRESSLER E ANTONIO MENESES. Onde: teatro Cultura Artística (r. Nestor Pestana, 196, região central, tel. 3258-3344). Hoje, amanhã e quarta, às 21h. Quanto: de R$ 70 a R$ 160; estudantes, R$ 10, meia hora antes de cada récita. Patrocinadores: Votorantim, Telefônica e Bovespa.


Próximo Texto: Evento: "Diálogos" investiga "O Terror"
Índice

UOL
Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.