São Paulo, quarta-feira, 25 de agosto de 2004

Próximo Texto | Índice

ERUDITO

Cidade assiste a dois programas barrocos, além de música de câmara, como a do Quarteto Aviv, e vozes de madrigal

Série de concertos produz "quarta quente"

JOÃO BATISTA NATALI
DA REPORTAGEM LOCAL

Os responsáveis por espetáculos de música erudita em São Paulo acordaram inspirados ao definir a programação desta quarta-feira.
Há em primeiro lugar dois grandes concertos de música barroca, ambos com fins beneficentes e, por isso, com ingressos bem mais caros. A Tucca (Associação para Crianças e Adolescentes com Tumor Cerebral ) fará hoje e amanhã, no Mosteiro de São Bento, a "Missa em Si Menor", de Johann Sebastian Bach (1685-1750), ouvida pela última vez por aqui em 2001, com a Osesp.
Mas desta vez os intérpretes trarão instrumentos do século 18 com a afinação da época. Eles compõem a Orquestra Barroca de Haia, cidade holandesa que é um dos centros de excelência na pesquisa e ensino do repertório daquele período.
Composta em 1724, a "Missa", que traz o número 232 no catálogo BWV, é a mais conhecida entre as cinco do compositor. Ela se divide em 31 partes e é a única não escrita para a liturgia luterana.
Outro bom concerto barroco ocorrerá na Sala São Paulo, apenas hoje, e está na programação da Care, uma das maiores e mais antigas organizações filantrópicas de atuação mundial.
Os músicos serão os italianos da Academia de li Musici & Coro Athestis, com 15 instrumentistas e 27 vozes. Farão uma única peça litúrgica, o "Gloria", do padre Antonio Vivaldi (1678-1741).
É uma das duas com o mesmo nome que Vivaldi escreveu, tornando-se a mais conhecida de suas produções litúrgicas.
Algo vivamente aconselhado aos melômanos que precisam se desintoxicar das repetitivas peças do "L'Estro Armonico", o mais famoso conjunto de composições orquestrais de Vivaldi.
São Paulo terá em seguida duas boas opções em música de câmara. A primeira delas será o Quarteto Aviv, de Israel, no Espaço Cultural BankBoston.
Hoje e sexta o quarteto -Sergey Ostrovsky (violino spalla), Evgenia Epshtein (violino), Shuli Waterman (viola) e Rachel Mercer (violoncelo)- fará Haydn, Chostakovich e Mendelssohn. Amanhã fará Mozart, Chostakovich e Schubert (dele, o D887, o segundo mais bonito e conhecido dos 14 quartetos por ele escritos).
A segunda opção de câmara é a dos músicos da Banda Sinfônica do Estado, no teatro Sérgio Cardoso. É uma formação que vem merecidamente ampliando seu público, com a descoberta de que o repertório não se faz apenas com instrumentos de cordas.
Serão ao todo quatro concertos para solistas de sopro entre hoje e novembro. No programa desta noite, peças de Darius Milhaud, Francis Poulenc, Jacques Ibert, Claude Debussy e Renato Camargo (flautista da formação).
Por fim, um espetáculo de música coral. O Madrigal Crescendo -15 vozes femininas, e 12 masculinas- exibe-se no teatro São Pedro, sob a regência do veterano maestro Diogo Pacheco.
O programa é belíssimo e eclético, com peças francesas, inglesas, espanholas e italianas do período barroco e ainda músicas americanas e brasileiras do século 20.


Próximo Texto: Artes plásticas/crítica: Cordel alimenta poesia de Samico
Índice



Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.