São Paulo, quinta-feira, 25 de outubro de 2007

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Iole de Freitas cria jogo de tensão e deslocamento

Após a Documenta de Kassel, artista expõe no Gabinete de Arte Raquel Arnaud

Três estruturas de grandes dimensões foram colocadas na sala maior da galeria; mostra tem outros seis trabalhos de menor porte

Fotos Divulgação
Estrutura de policarbonato, aço e concreto que faz parte da mostra "Cartas Dinâmicas', de Iole de Freitas, que é aberta hoje em SP

MARIO GIOIA
DA REPORTAGEM LOCAL

Depois de sua participação na 12ª Documenta de Kassel, uma das principais mostras de arte em âmbito mundial, a artista Iole de Freitas, 62, ganha uma exposição individual em São Paulo, "Cartas Dinâmicas", que é aberta hoje no Gabinete de Arte Raquel Arnaud.
Ela propõe um jogo de tensões e deslocamentos ao público, que pode ver três estruturas de grandes dimensões na sala maior da galeria, além de outros seis trabalhos de menor porte que dialogam com o restante das obras.
Desdobramento das experiências realizadas em Kassel e no Rio, na galeria Laura Marsiaj, as três estruturas de policarbonato, aço e concreto foram projetadas especialmente para o espaço e continuam a pesquisa formal da artista, que usa a linha e as dobras para compor obras em um "equilíbrio precário", como destaca.
"Existe uma certa radicalidade nessa situação. As chapas são torcidas até seu limite, e as linhas estão sobre tensão, amparando essas formas", conta a artista mineira radicada no Rio.
Ao mesmo tempo, o uso do policarbonato confere grande leveza ao conjunto, que pode enganar o espectador por meio de jogos ópticos. "O material faz com que as obras oscilem entre a transparência e a reflexão. Às vezes, o olhar de quem as vê cria ilusões, existe quase um embate na relação [dos trabalhos com o espectador]", explica ela.
Apesar disso, Freitas não quer criar conflitos. "O deslocamento do público é essencial, mas não quero que isso seja um labirinto. Acho que minha obra busca a delicadeza."
Por isso, Freitas vê tais estruturas como "abrigos abertos". "Existe proteção nesses caminhos, mas também há liberdade para quem o adentra", afirma ela, que destaca o sucesso da grande instalação em Kassel, em uma estrutura de 32 metros, além dos 4,5 m de aço pertencentes à obra que se expandiam para o lado de fora.
"O público tinha uma relação interessante com as obras. Havia o estranhamento de colocar as estruturas em um prédio histórico, que precisou de grandes intervenções em sua estrutura, mas, lá dentro, o público parecia acolhido, ficava muito tempo no local."

Porte menor
A artista também exibe obras de menor porte -uma delas mais antiga, de 1990-, espécie de relevos, para destacar o diálogo com sua produção artística anterior. Em uma delas, há apenas "flechas" sobre o suporte, sem a chapa de policarbonato.
Até domingo, o registro de uma série de fotografias de sua autoria pode ser visto na mostra coletiva "Arte como Questão - Anos 70", no Instituto Tomie Ohtake.
"Apesar de antes eu ter feito vídeos e fotografias, acho que a questão do corpo sempre esteve presente em minha obra."


CARTAS DINÂMICAS - IOLE DE FREITAS
Quando: abertura hoje, às 20h; de seg. a sex., das 10h às 19h; sáb., das 12h às 16h; até 8/12
Onde: Gabinete de Arte Raquel Arnaud (r. Artur de Azevedo, 401, tel. 3083-6322)
Quando: entrada franca



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