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Artista usa próprio sangue em mostra
Nazareth Pacheco abre individual com desenhos e instalações em acrílico e madeira na Casa Triângulo
SILAS MARTÍ
COLABORAÇÃO PARA A FOLHA
Nazareth Pacheco começou
com a pele, partiu para as lâminas e agora verte o próprio sangue, na individual que a galeria
Casa Triângulo inaugura hoje.
Durante a montagem de sua
cortina de lâminas para a mostra Paralela, em 2006, a artista
se cortou várias vezes com as
3.600 navalhas que usou na
instalação. Interrompia o trabalho para esperar o sangue
coagular e viu nesse instante a
chave para as novas obras.
Ela expõe a partir de hoje
frascos cheios do próprio sangue, desenhos feitos com o líquido e esculturas que imitam
sangue em madeira e acrílico.
O trabalho atual reafirma
uma constante na obra de Pacheco, que se articula em dois
tempos: atração e repulsa.
No início da carreira, nos
anos 80, ela usava borracha e
látex para criar objetos de tortura -a série se chamava "Peles"-, que pareciam agredir,
mas eram inofensivos ao toque.
Uma década depois, criou
roupas e jóias com lâminas e
objetos cortantes, despertando
um desejo que se esvaía na dor.
No andar de baixo, uma cadeira em acrílico, com assento e
encosto pontiagudos, fica diante de um espelho, emoldurado
por farpas afiadas de plástico.
"É uma coisa convidativa, mas
que agride ao mesmo tempo. É
inacessível", diz Pacheco.
O sangue vira tinta em 13 desenhos, no andar de cima, que
registram um movimento na
superfície do papel. No chão, 50
gotas de madeira imitam o sangue que atravessa furos na pele.
É a imagem do sangue como
matéria viva, aliás, que a artista
enfatiza na mostra, ao promover um encontro, em 10 de novembro, com possíveis doadores de medula óssea em plena
galeria.
Como parte da mostra, ela
quer montar um catálogo com
nomes de doadores.
NAZARETH PACHECO
Quando: abertura hoje, às 20h; de ter.
a sáb., das 11h às 19h; até 17/11
Onde: Casa Triângulo (r. Paes de Araújo, 77, tel. 3167-5621)
Quanto: entrada franca
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