São Paulo, quinta-feira, 25 de outubro de 2007

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Artista usa próprio sangue em mostra

Nazareth Pacheco abre individual com desenhos e instalações em acrílico e madeira na Casa Triângulo

SILAS MARTÍ
COLABORAÇÃO PARA A FOLHA

Nazareth Pacheco começou com a pele, partiu para as lâminas e agora verte o próprio sangue, na individual que a galeria Casa Triângulo inaugura hoje.
Durante a montagem de sua cortina de lâminas para a mostra Paralela, em 2006, a artista se cortou várias vezes com as 3.600 navalhas que usou na instalação. Interrompia o trabalho para esperar o sangue coagular e viu nesse instante a chave para as novas obras.
Ela expõe a partir de hoje frascos cheios do próprio sangue, desenhos feitos com o líquido e esculturas que imitam sangue em madeira e acrílico. O trabalho atual reafirma uma constante na obra de Pacheco, que se articula em dois tempos: atração e repulsa.
No início da carreira, nos anos 80, ela usava borracha e látex para criar objetos de tortura -a série se chamava "Peles"-, que pareciam agredir, mas eram inofensivos ao toque.
Uma década depois, criou roupas e jóias com lâminas e objetos cortantes, despertando um desejo que se esvaía na dor. No andar de baixo, uma cadeira em acrílico, com assento e encosto pontiagudos, fica diante de um espelho, emoldurado por farpas afiadas de plástico.
"É uma coisa convidativa, mas que agride ao mesmo tempo. É inacessível", diz Pacheco.
O sangue vira tinta em 13 desenhos, no andar de cima, que registram um movimento na superfície do papel. No chão, 50 gotas de madeira imitam o sangue que atravessa furos na pele. É a imagem do sangue como matéria viva, aliás, que a artista enfatiza na mostra, ao promover um encontro, em 10 de novembro, com possíveis doadores de medula óssea em plena galeria.
Como parte da mostra, ela quer montar um catálogo com nomes de doadores.


NAZARETH PACHECO
Quando: abertura hoje, às 20h; de ter. a sáb., das 11h às 19h; até 17/11
Onde: Casa Triângulo (r. Paes de Araújo, 77, tel. 3167-5621)
Quanto: entrada franca



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