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São Paulo, terça-feira, 25 de novembro de 2003

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MÚSICA

O saxofonista e clarinetista norte-americano, com seu grupo Still Evolved, passeia por variantes vanguardistas

Ted Nash desfia sua herança jazzística

Divulgação
O saxofonista Ted Nash, 43, que começou no jazz aos 16 anos, ao lado de Lionel Hampton


EDSON FRANCO
EDITOR DE VEÍCULOS E CONSTRUÇÃO

Sem o auxílio da engenharia genética, o saxofonista e clarinetista norte-americano Ted Nash, 43, leva hoje ao palco do teatro Cultura Artística as provas de que é um exemplar aprimorado de uma linhagem de músicos de jazz.
Filho do trombonista Dick e sobrinho do saxofonista Ted, ele domina o idioma suingado dos seus ancestrais, passeia pelos terrenos mais minados do estilo (leia-se hard bop e post bop) e se arrisca por variantes vanguardistas.
Por e-mail, ele contou à Folha a sua receita para escapar da sombra de seu clã e ajudar na sobrevivência do jazz. "A melhor maneira de dar um futuro ao estilo é incentivar os músicos jovens a explorar as suas próprias idéias."
E foi soando diferente que ele teve a sua primeira chance no mundo jazzístico. Aos 16 anos, foi contratado pelo vibrafonista Lionel Hampton (1909-2002). Menos de 12 meses depois, já emprestava seu sopro ao grupo do maestro Quincy Jones, 70.
Para forjar o estilo que ganhou a aprovação de músicos bem mais tarimbados, Nash diz que não se limitou a ouvir apenas discos de jazz, embora reconheça no saxofonista Sonny Rollins ("de quem herdei o comprometimento com as idéias musicais e o senso de humor") e no trompetista Miles Davis ("ele nunca tocava nada que não ouvisse ou sentisse") suas maiores influências.
"Meu irmão só escutava Jimi Hendrix. Minha irmã, pop. Mamãe gostava de brasileiros como Sérgio Mendes e Tom Jobim. Meu pai não ouvia muitos discos. Talvez pela competição para obter horário livre no aparelho de som." Nash conta que, até em consequência dessa babel sonora que era sua sala, demorou até a adolescência para definir seu estilo. "Só depois de ganhar um rádio é que pude levar música para o meu quarto. E a estação de que mais gostava tocava jazz."
Foi a partir dos anos 80 que o saxofonista começou a consolidar a sua condição de líder de quartetos e a solidificar uma relação de amizade e trocas musicais com o trompetista Wynton Marsalis.
Para muitos é paradoxal o fato de um amante das experimentações como Nash ter estreitado laços com um defensor da tradição jazzística como Marsalis. "Sua música nos anos 80 me inspirou, e a achava bem contemporânea."
Pelo menos em uma empreitada de Nash há pouco espaço para o seu amigo. Trata-se da Jazz Composers Collective, voltada para a criação de sonoridades originais. Dois associados de Nash na JCC estarão no show: o baixista Ben Allison e o pianista Frank Kinbrough. "Juntos formamos o grupo Still Evolved. Planejamos concentrar o repertório do show nas músicas do nosso primeiro CD, que leva o nome da banda."

TED NASH. Quando: hoje, às 21h. Onde: teatro Cultura Artística (r. Nestor Pestana, 196, Consolação, tel. 3258-3344). Quanto: R$ 20.


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