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Crítica/cinema/"Otávio e as Letras"
Corpo estranho, filme sonda relação humana com signos
SÉRGIO RIZZO
CRÍTICO DA FOLHA
Três paulistanos lidam
com suas obsessões em
"Otávio e as Letras",
quarto longa de Marcelo Masagão ("Nós que Aqui Estamos
por Vós Esperamos"), criador e
curador do Festival Permanente do Minuto.
O personagem do título (Donizete Mazonas) coleciona textos impressos -livros, jornais,
revistas e folhetos publicitários. Uma de suas vizinhas
(Arieta Corrêa), que trabalha
como garota de programa, prefere fotos de pessoas e quadros.
As ruas da cidade formam o
labirinto mental onde vive um
taxista (Fábio Malavoglia), que
conduz um Fusca decorado internamente com um mapa. O
fio tênue da narrativa promove
o encontro entre essas figuras e
contrasta seus mecanismos
psicológicos de sobrevivência.
Masagão deixa por conta do
espectador considerar se (e o
quanto) eles são neuróticos ou
se apenas descobriram maneiras incomuns e inofensivas (para os outros, talvez não para
eles) de se relacionar com um
mundo governado por signos,
em que tudo representa alguma coisa, está no lugar de algo.
Como filme narrativo que
busca espaço no circuito comercial, "Otávio e as Letras" é
um corpo estranho. Na atual
configuração do mercado, seu
caráter experimental o força a
buscar seu público em nichos
alternativos de distribuição e
exibição.
OTÁVIO E AS LETRAS
Produção: Brasil, 2008
Direção: Marcelo Masagão
Com: Donizete Mazonas, Arieta Corrêa
e Fábio Malavoglia
Onde: em cartaz no Reserva Cultural
Avaliação: regular
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