São Paulo, sábado, 26 de abril de 2008

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Crítica/cinema/"Otávio e as Letras"

Corpo estranho, filme sonda relação humana com signos

SÉRGIO RIZZO
CRÍTICO DA FOLHA

Três paulistanos lidam com suas obsessões em "Otávio e as Letras", quarto longa de Marcelo Masagão ("Nós que Aqui Estamos por Vós Esperamos"), criador e curador do Festival Permanente do Minuto.
O personagem do título (Donizete Mazonas) coleciona textos impressos -livros, jornais, revistas e folhetos publicitários. Uma de suas vizinhas (Arieta Corrêa), que trabalha como garota de programa, prefere fotos de pessoas e quadros. As ruas da cidade formam o labirinto mental onde vive um taxista (Fábio Malavoglia), que conduz um Fusca decorado internamente com um mapa. O fio tênue da narrativa promove o encontro entre essas figuras e contrasta seus mecanismos psicológicos de sobrevivência.
Masagão deixa por conta do espectador considerar se (e o quanto) eles são neuróticos ou se apenas descobriram maneiras incomuns e inofensivas (para os outros, talvez não para eles) de se relacionar com um mundo governado por signos, em que tudo representa alguma coisa, está no lugar de algo.
Como filme narrativo que busca espaço no circuito comercial, "Otávio e as Letras" é um corpo estranho. Na atual configuração do mercado, seu caráter experimental o força a buscar seu público em nichos alternativos de distribuição e exibição.


OTÁVIO E AS LETRAS
Produção: Brasil, 2008
Direção: Marcelo Masagão
Com: Donizete Mazonas, Arieta Corrêa e Fábio Malavoglia
Onde: em cartaz no Reserva Cultural
Avaliação: regular



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