São Paulo, segunda-feira, 26 de junho de 2006

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Crítica/cinema

"Tristão e Isolda" repete fórmula de amor gasta

CÁSSIO STARLING CARLOS
CRÍTICO DA FOLHA

O fato de ser uma indústria leva o cinema hoje a só investir em produtos tão iguais como latas de Coca-Cola. É assim a caprichada produção dos irmãos Scott (Ridley e Tony), "Tristão & Isolda", na qual se retoma a fórmula bem-sucedida de "Gladiador" e já gasta em "Cruzada" para narrar um dos mais difundidos mitos do amor. Originária da mitologia celta, a tragédia dos dois amantes é semelhante a tantas outras que vieram depois, como "Romeu e Julieta". Aqui, são dois povos que se guerreiam. No meio, a paixão da filha de um rei por um guerreiro da tribo inimiga é impedida de se realizar por causa da velha falta de liberdade autêntica dos indivíduos. Além dessa universalidade hoje para lá de óbvia, o que tornaria a tragédia de Tristão e Isolda ainda interessante? Uma releitura política? Mas essa possibilidade é logo afastada em proveito exclusivo das emoções, que se tornam carregadas além da medida por uma trilha melosa. Uma erotização da tragédia? Não além dos limites para atrair o público jovem e não incomodar o conservador. Mas a indústria não precisa se preocupar. Torrou milhões de dólares para dar brilho a uma produção dirigida para um público fiel, que só quer ver uma fantasia histórica bem embrulhada. Pena que a execução desses elementos pelo cumpre-ordens Kevin Reynolds esvazie o trabalho de emoção e torne tudo só pomposo e solene.


TRISTÃO & ISOLDA   
Direção:
Kevin Reynolds
Com: James Franco, Sophia Myles




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