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Crítica/cinema
"Tristão e Isolda" repete fórmula de amor gasta
CÁSSIO STARLING CARLOS
CRÍTICO DA FOLHA
O fato de ser uma indústria leva o cinema hoje
a só investir em produtos tão iguais como latas de Coca-Cola. É assim a caprichada
produção dos irmãos Scott (Ridley e Tony), "Tristão & Isolda", na qual se retoma a fórmula bem-sucedida de "Gladiador" e já gasta em "Cruzada"
para narrar um dos mais difundidos mitos do amor.
Originária da mitologia celta,
a tragédia dos dois amantes é
semelhante a tantas outras que
vieram depois, como "Romeu e
Julieta". Aqui, são dois povos
que se guerreiam. No meio, a
paixão da filha de um rei por
um guerreiro da tribo inimiga é
impedida de se realizar por
causa da velha falta de liberdade autêntica dos indivíduos.
Além dessa universalidade
hoje para lá de óbvia, o que tornaria a tragédia de Tristão e
Isolda ainda interessante?
Uma releitura política? Mas essa possibilidade é logo afastada
em proveito exclusivo das emoções, que se tornam carregadas
além da medida por uma trilha
melosa. Uma erotização da tragédia? Não além dos limites para atrair o público jovem e não
incomodar o conservador.
Mas a indústria não precisa
se preocupar. Torrou milhões
de dólares para dar brilho a
uma produção dirigida para um
público fiel, que só quer ver
uma fantasia histórica bem embrulhada. Pena que a execução
desses elementos pelo cumpre-ordens Kevin Reynolds esvazie
o trabalho de emoção e torne
tudo só pomposo e solene.
TRISTÃO & ISOLDA
Direção: Kevin Reynolds
Com: James Franco, Sophia Myles
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