São Paulo, sábado, 26 de agosto de 2006

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Exposição prega tolerância e paz

"Coexistence", que será aberta amanhã no parque Ibirapuera, reúne outdoors desenhados por artistas de todo o mundo

São Paulo é primeiro destino latino-americano da mostra que começou em Jerusalém e já percorreu cidades como Londres, Nova York e Paris


Nilton Fukuda/Folha Imagem
Montagem de Lanny Sommese, um dos 45 trabalhos da exposição "Coexistence", que incorpora novos outdoors a cada viagem


GUSTAVO FIORATTI
COLABORAÇÃO PARA A FOLHA

A busca pela paz também tem suas armas, e o Centro de Cultura Judaica traz ao parque Ibirapuera uma experiência que se mune não de bombas e balas, mas de uma espécie de fusão entre marketing e arte.
Na praça da Paz, a partir de amanhã, já podem ser vistos os trabalhos da mostra "Coexistence", com outdoors desenhados por artistas do mundo inteiro, de várias religiões e credos, pregando tolerância e paz. A inauguração oficial acontece às 11h, com apresentação das orquestras Sinfônica de Heliópolis e Sinfônica Jovem da Fundação CSN. Mas alguns dos 45 outdoors já estão montados.
Junto a eles, textos de nomes como Martin Luther King e Nelson Mandela. O projeto "Coexistence" começou sua jornada no Museum on the Seam, de Jerusalém, com artistas selecionados a partir de um júri liderado pelo curador Raphie Etgar. Em 2001, foram expostos os primeiros trabalhos, nos muros que dividem as partes leste e oeste da cidade velha, as comunidades árabes e judaicas, portanto. "Muita gente parou ali para ver as imagens e discutir as obras", afirma Etgar.

Universal
Segundo o curador da mostra, o Museum on The Seam não tem vínculo com nenhuma entidade religiosa, o que lhe confere mais força para estabelecer um diálogo entre os mundos islâmico, judaico e cristão.
"Os trabalhos e instalações do museu sempre tratam de questões sociais e políticas que dizem respeito à sociedade global, de assuntos como violência, direitos humanos e exploração", diz.
Já na primeira mostra, Yoko Ono assinava um dos trabalhos, além de ter cedido a canção "Imagine", de John Lennon, para o filme institucional da campanha. Também já estava presente o artista polonês Piotr Mlodozeniec, que escreveu a palavra "coexist" usando símbolos do islamismo, do judaísmo e do cristianismo -imagem que acabou amplamente divulgada por Bono Vox durante os shows do U2, na turnê mundial de "Vertigo".
Depois de Jerusalém, a mostra foi levada para vários outros lugares -Londres, Nova Iorque, Paris, Berlim, Barcelona, Roma, Sarajevo e Nova Orleans, entre outras cidades. Em cada parada, novos outdoors foram adquiridos, assinados por anônimos escolhidos por meio de concursos. Em São Paulo, primeira cidade latino-americana a receber a mostra, o Centro de Cultura Judaica foi quem selecionou o trabalho da artista e arte-educadora Fátima Miranda, inspirada na obra do fotógrafo Sebastião Salgado.
Se no Brasil questões religiosas não fermentam grandes desavenças, Etgar vê outras funções para sua exposição. "Levando a mostra para o Brasil, esperamos que o país seja capaz de usar nossas mensagens para mudar as diferenças existentes entre diversos grupos, como entre ricos e pobres".
Os trabalhos também estão expostos, em versão reduzida, na galeria do Centro de Cultura Judaica, no Sumaré, onde se realiza uma série de debates, sempre às terças, até o dia 26 de setembro. A programação pode ser acompanhada pelo site www.coexistencia.org.br.

COEXISTENCE
Onde:
praça da Paz do parque Ibirapuera (Avenida Pedro Álvares Cabral, s/ nš, tel. 3886-6122); e no Centro de Cultura Judaica (r. Oscar Freire, 2.500, Sumaré, tel. 3065.4333).
Quando: no parque Ibirapuera - a partir de amanhã, das 6h às 23h30; no Centro de Cultura Judaica -seg. a sex., das 10h às 21h, e sáb., das 14h às 19h.
Quanto: Grátis.


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