Mineira Ana Paula Oliveira exibe obras em individual

MARIO GIOIA
DA REPORTAGEM LOCAL

Pássaros de chumbo e empalhados, centenas de peixes em sacos de plástico, dormentes desgastados de estradas de ferro, placas de ferro e borracha. As instalações da artista mineira Ana Paula Oliveira, 40, usam os mais diversos materiais, que se sustentam precariamente.
"Gosto de construir obras onde os materiais guardam relações tensas", afirma ela, que ganha sua segunda exposição individual na galeria Virgilio, aberta hoje para o público.
"Há uma distopia pairando, não um contraste", escreve o artista Nuno Ramos no texto de apresentação da mostra.
Na maior instalação da exposição, "Ainda Não", 13 dormentes, os maiores com 2,80 m de altura, se espalham por uma das salas expositivas, amparando sacos de plástico, aquários para cerca de 300 peixes.
"Todo o material aqui está mudando. Estão nascendo peixes, a madeira dos dormentes está se decompondo e há ainda ervas daninhas crescendo", conta Oliveira.
No meio da laje que separa os dois andares da galeria, cabos de aço perfuram o espaço e sustentam a segunda instalação da mostra, "Contrapássaro".
Formada por placas de ferro que contêm pedaços de borracha, as peças têm em sua superfície pássaros de chumbo. "Se eu tiro um deles, todo o equilíbrio se rompe, um quadrado bate no outro", explica.
Em meio aos jogos de formas e materiais, Oliveira pontua a mostra com esculturas de pequeno porte, uma delas com um periquito empalhado entre duas placas de vidro. "É como se ele fosse um observador de tudo", diz a artista.