DA REPORTAGEM LOCAL

Um dos termômetros da cena teatral paulista deste início de década, a Mostra de Dramaturgia Contemporânea entra na quinta e última semana com mais três novos textos, que miram, em separado, poder, fama e sexo.
O projeto do Núcleo Teatro Promíscuo, que acontece no Popular do Sesi, começou no dia 30 de maio e reúne 15 textos curtos de 16 autores nacionais.
De hoje a domingo, serão encenados "Cordialmente Teus", peça de Aimar Labaki e direção de Ivan Feijó; "A Hora de Abelardo", de Hugo Possolo e Maurício Paroni de Castro; e "Os Marcianos", de Marcelo Rubens Paiva e Ary França.
A noite abre com "Cordialmente Teus", seis cenas em que Labaki reflete sobre a gente brasileira e certa letargia diante de eventos sociais e políticos em mais de 500 anos de história.
São episódios intercalados sem cronologia, como o do índio açoitado pelo colonizador português no século 16; o do pai e filho que, na Segunda Guerra Mundial, discutem os efeitos do racionamento de energia e alimentos em suas vidas; e da militante torturada sob acusação de atirar bombas em locais como o Palácio do Planalto, mas não sucumbe ao discurso daqueles que a violentam, tanto quanto ao filho e ao marido, isso já no ano passado.
No elenco do Promíscuo estão Renato Borghi, Elcio Nogueira Seixas, Débora Duboc e Luah Guimarãez, que atuam em todos os espetáculos.

Palhaço
Em "A Meia Hora de Abelardo", Possolo se apropria da memória do palhaço Abelardo Pinto, o Piolin, e do mote dos "15 minutos de fama" do artista pop norte-americano Andy Warhol para narrar uma comédia com cadáveres.
Abelardo (Borghi, que interpretou personagem homônimo da histórica montagem de "Roda Viva", de Oswald de Andrade, em 1968, pelo Oficina) é um veterano artista de fotonovelas que assassina mulheres depois de envolvê-las num sedutor jogo de máscaras perfumadas.
Dois astronautas, Jonas (Seixas) e Neide (Duboc) integram uma "missão americano-do-norte-brasileira" para dar à luz no planeta vermelho em "Os Marcianos", um besteirol assumido de Paiva.
O comandante gringo Nelson Lemmon (Borghi) e o computador Raonice (Guimarãez) tentam ajudá-los a contornar uma broxada sideral. (VS)