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SHOW
Cantora paulistana mistura música eletrônica e efeitos de guitarra em seu segundo CD, cujo lançamento é hoje
Stela Campos canta crônicas de SP sem tirar pé do mangue
CLAUDIA ASSEF
DA REPORTAGEM LOCAL
Que paulistano já não teve acessos de ódio na hora do rush? Ou
foi passar férias no Nordeste e não
conseguia mais voltar? E, diga lá,
quem em São Paulo, mesmo
odiando, consegue ficar longe do
trabalho?
A paulistana Stela Campos, 36,
canta sobre esses e outros mitos
urbanos hoje à noite no Café Uranus, no show de lançamento de
seu segundo CD, "Fim de Semana". O disco é o primeiro lançamento da Outros Discos.
A gravadora também vai recolocar no mercado o disco de estréia da cantora, "Céu de Brigadeiro", de 99, cujas 1.500 cópias
prensadas de forma independente esgotaram-se pouco depois.
Mangue Beat
A história de Stela se parece com
a de muito paulistano. Em 94, a
cantora foi passar férias em Recife. Foi de carro, levou teclados e
um punhado de roupas. A convite
de amigos, fez um show aqui, outro ali. O que deveria ter sido férias de dois meses acabou virando
seis anos de vida na capital do
mangue beat.
"A cena [mangue beat] estava
começando. Logo conheci o Chico Science. Fui ficando por lá, tocando, fazendo shows, aprendendo com o povo de lá", diz a cantora, instrumentista e compositora.
"Foi lá que compus as músicas do
primeiro disco."
O Recife, ela acredita, também
está no segundo disco. "Musicalmente não acho que seja evidente
para todo mundo ouvir influências do Nordeste no meu som.
Mas de uma forma sutil, a cidade
está ali", acredita.
Afinal de contas, para ela, morar
lá não foi muito diferente da correria de São Paulo. "Não curto
muito ir à praia e trabalhei tanto
em Recife quanto trabalhava em
São Paulo. A diferença é que lá pegava menos trânsito", pondera.
Enquanto esteva lá, ela tratou de
se integrar à cena musical local.
Teve programa de rádio, gravou
com Fred 04 (Mundo Livre S/A),
Chico Science... e principalmente
tratou de "abrir a cabeça".
"É impressionante como as pessoas de lá são ávidas por informações. Eles ouvem de tudo, gostam
de tudo que é música boa. Isso tudo abriu muito a minha cabeça",
diz Stela Campos.
Imagine abrir ainda mais a cabeça de quem já ouvia de Serge
Gainsbourg a Aphex Twin, de
Mutantes a Cartola?
Foi assim, buscando novas possibilidades em seu som orgânico,
de guitarras distorcidas, flautas e
teclados, que Stela se apaixonou
pelos programas de computador.
"A idéia era não ter limites. E o
computador te dá essa oportunidade. Não enxergar isso é burrice", diz. Então ela faz música eletrônica orgânica, ou algo perto
disso. Ela explica melhor:
"É uma junção bem orgânica
entre instrumentos acústicos e
elementos eletrônicos. Sampleamos instrumentos que foram tocados ao vivo e multiplicamos essas vozes usando o computador.
A gente queria que as coisas soassem como um todo. Não queríamos ter uma música só orgânica e
outra só eletrônica."
No show de hoje ela promete
músicas dos dois discos, uma delas com a participação de Cadão
Volpato (Fellini). A banda tem
Érico Theobaldo (Autoload) na
bateria, a baixista Camila e o guitarrista Adriano Leão.
STELA CAMPOS - Quando: hoje, às 22h.
Onde: Café Uranus (r. dr. Carvalho de
Mendonça, 40, Campos Elíseos, tel. 3822-2801). Quanto: R$ 10.
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