São Paulo, quinta-feira, 27 de junho de 2002

Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

SHOW

Cantora paulistana mistura música eletrônica e efeitos de guitarra em seu segundo CD, cujo lançamento é hoje

Stela Campos canta crônicas de SP sem tirar pé do mangue

CLAUDIA ASSEF
DA REPORTAGEM LOCAL

Que paulistano já não teve acessos de ódio na hora do rush? Ou foi passar férias no Nordeste e não conseguia mais voltar? E, diga lá, quem em São Paulo, mesmo odiando, consegue ficar longe do trabalho?
A paulistana Stela Campos, 36, canta sobre esses e outros mitos urbanos hoje à noite no Café Uranus, no show de lançamento de seu segundo CD, "Fim de Semana". O disco é o primeiro lançamento da Outros Discos.
A gravadora também vai recolocar no mercado o disco de estréia da cantora, "Céu de Brigadeiro", de 99, cujas 1.500 cópias prensadas de forma independente esgotaram-se pouco depois.

Mangue Beat
A história de Stela se parece com a de muito paulistano. Em 94, a cantora foi passar férias em Recife. Foi de carro, levou teclados e um punhado de roupas. A convite de amigos, fez um show aqui, outro ali. O que deveria ter sido férias de dois meses acabou virando seis anos de vida na capital do mangue beat.
"A cena [mangue beat] estava começando. Logo conheci o Chico Science. Fui ficando por lá, tocando, fazendo shows, aprendendo com o povo de lá", diz a cantora, instrumentista e compositora. "Foi lá que compus as músicas do primeiro disco."
O Recife, ela acredita, também está no segundo disco. "Musicalmente não acho que seja evidente para todo mundo ouvir influências do Nordeste no meu som. Mas de uma forma sutil, a cidade está ali", acredita.
Afinal de contas, para ela, morar lá não foi muito diferente da correria de São Paulo. "Não curto muito ir à praia e trabalhei tanto em Recife quanto trabalhava em São Paulo. A diferença é que lá pegava menos trânsito", pondera.
Enquanto esteva lá, ela tratou de se integrar à cena musical local. Teve programa de rádio, gravou com Fred 04 (Mundo Livre S/A), Chico Science... e principalmente tratou de "abrir a cabeça".
"É impressionante como as pessoas de lá são ávidas por informações. Eles ouvem de tudo, gostam de tudo que é música boa. Isso tudo abriu muito a minha cabeça", diz Stela Campos.
Imagine abrir ainda mais a cabeça de quem já ouvia de Serge Gainsbourg a Aphex Twin, de Mutantes a Cartola?
Foi assim, buscando novas possibilidades em seu som orgânico, de guitarras distorcidas, flautas e teclados, que Stela se apaixonou pelos programas de computador.
"A idéia era não ter limites. E o computador te dá essa oportunidade. Não enxergar isso é burrice", diz. Então ela faz música eletrônica orgânica, ou algo perto disso. Ela explica melhor:
"É uma junção bem orgânica entre instrumentos acústicos e elementos eletrônicos. Sampleamos instrumentos que foram tocados ao vivo e multiplicamos essas vozes usando o computador. A gente queria que as coisas soassem como um todo. Não queríamos ter uma música só orgânica e outra só eletrônica."
No show de hoje ela promete músicas dos dois discos, uma delas com a participação de Cadão Volpato (Fellini). A banda tem Érico Theobaldo (Autoload) na bateria, a baixista Camila e o guitarrista Adriano Leão.


STELA CAMPOS - Quando: hoje, às 22h. Onde: Café Uranus (r. dr. Carvalho de Mendonça, 40, Campos Elíseos, tel. 3822-2801). Quanto: R$ 10.



Texto Anterior: Poder, fama e sexo encerram mostra
Próximo Texto: Frase
Índice


Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.