São Paulo, segunda-feira, 27 de junho de 2011

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Mostra questiona papel do espectador

Evento teatral do SESI com British Council traz espetáculos internacionais que põe o público no centro da cena

"Susurrus" é uma peça para ser acompanhada individualmente dentro do parque Ibirapuera, usando fones de ouvido

David Leddy/Divulgação
Espectadora com aparelho de MP3 anda por parque de Edinburgo na "exibição" da peça "Susurrus", que chega ao Brasil

GABRIELA MELLÃO
DE SÃO PAULO

Em "Susurrus", primeira apresentação da arte do premiado dramaturgo escocês David Leddy no Brasil, o autor não foge à regra de romper com o teatro tradicional e colocar o espectador no centro da cena. Foi assim em trabalhos anteriores.
Em "White Tea", ele vestiu os espectadores de quimonos brancos feitos de papel.
Acomodados numa casa de chá japonesa, assistiam a uma performance que projetava nas paredes -e neles próprios- imagens simbólicas do Japão.
Em "Untitled Love Story", que estreou no Edinburgh Fringe Festival em agosto do ano passado, a plateia era convidada a fazer seu próprio espetáculo.
O público foi instruído a fechar os olhos, respirar profundamente e meditar durante a encenação. "Me interesso em mexer nas formas do teatro, alongando, moldando ou quebrando com elas", diz Leddy à Folha.
"Susurrus" estreia hoje abrindo a Temporada de Teatro Contemporâneo SESI-British Council, em várias "sessões" no parque Ibirapuera. A experiência coletiva se individualiza, o palco se amplia e o espectador torna-se agente de sua própria história.
Quem participa da experiência teatral de Leddy recebe um aparelho de MP3 com fones de ouvido e um mapa com uma rota, que pode seguir pelo parque por até duas horas.
A pessoa caminha ouvindo uma história de amor que tem como inspiração "Sonho de uma Noite de Verão", de William Shakespeare, temperada com músicas de Edith Piaf e Nat King Cole, entre outros cantores, além de considerações sobre botânica, trechos de ópera e poesia.
Segundo o autor, "a peça fala sobre emoções comuns, mostra que uma pessoa pode sentar em qualquer parque, de qualquer cidade, e ao observar as pessoas ao seu redor, criar uma história sobre quem são e que tipo de dor elas vivenciaram".
Para Liliane Rebelo, gerente de projetos do British Council e curadora da mostra, a experiência desperta emoções de forma tão inusitada quanto delicada. "O parque como local dessa produção maximiza a reflexão do espectador sobre as questões abordadas", diz Leddy.
"Susurrus" é destaque desse evento cujo objetivo é buscar novas formas de pensar o teatro da atualidade, que é composto ainda por "Black Box", espetáculo do grupo inglês Bootworks Theatre, e "Freak Show", da brasileira Luise Cohen.
"Black Box", que estreia no Centro Cultural Fiesp na quinta-feira, convida a uma percepção ao mesmo tempo individual e coletiva.
Nela, o espectador tanto observa como é observado. A performance acontece numa caixa preta sobre o palco. Durante a apresentação, membros da plateia podem entrar na caixa, tornando-se parte do evento.



SUSURRUS
ONDE Parque Ibirapuera, av. Pedro Álvares Cabral s/n, Moema, Portões 1 e 2, ao lado do Auditório do Ibirapuera
QUANDO de hoje a 10 de julho, das 10h às 16h
QUANTO grátis


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