São Paulo, segunda-feira, 27 de junho de 2011

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Marcius Galan dá dimensões políticas a herança minimalista

Ele abre mostra em SP e estará na próxima Bienal do Mercosul

SILAS MARTÍ
DE SÃO PAULO

Sete homens se esforçam para prender uma grande viga de madeira no teto da galeria. Depois, virão outras menores, todas equilibradas por pesos de concreto bruto.
No fim, a mostra de Marcius Galan que abre amanhã na Luisa Strina parece desaparecer no espaço. São obras que desviam o olhar para o entorno ou reforçam seu caráter quase ausente -um gesto, a linha e seus pontos.
"Penso as relações de modo sintético", diz Galan, 38, à Folha. "Fico no limiar de não ser quase nada." Daí a afinidade com o minimalismo, que despontou nos Estados Unidos dos anos 1960.
Por acaso, Galan nasceu em Indianápolis, mas cresceu e estudou em São Paulo, o que dá a seu minimalismo certa instabilidade e toques da arquitetura brutalista. "Não nego a influência minimalista, mas não é só discutir os materiais", diz Galan. "São estruturas tortas."
Tortas, na visão dele, como a política. Uma haste de madeira sob uma chapa preta lembra uma bandeira, mas é um retalho pesado de ferro, ilustrando a dificuldade de apoiar uma nação. No teto da galeria, uma estrutura de pesos e contrapesos de aspecto precário é, na verdade, fixa, presa por uma forte estrutura feita para dar a impressão de colapso iminente. Nesse ponto, Galan desvia da pureza minimalista e sua investigação esquemática da linha e do ponto.
Depois da última Bienal de São Paulo, em que trabalhou com aspectos microscópicos das linhas que representam fronteiras no mundo real, Galan deve voltar aos mapas na próxima Bienal do Mercosul, que começa em setembro em Porto Alegre, criando uma fronteira imaginária feita só de pontos.
Mesmo nas abstrações que chama de "Ilhas Derivadas", em que fotografa as falhas da tinta em faixas de trânsito, o artista subverte um índice do real para comentar o estado vulnerável de um Brasil-potência.



MARCIUS GALAN
ONDE Luisa Strina (r. Pe. João Manuel, 755, tel. 3088-2471)
QUANDO abertura amanhã, às 19h, de seg. a sex., das 10h às 19h; sáb., das 10h às 17h; até 30/7
QUANTO grátis



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