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Bonnie "Prince" Billy mostra seu folk misterioso
Cultuado por PJ Harvey e Tortoise, músico americano Will Oldham faz show hoje com seu projeto no Studio SP
Com fama de esquisito
e recluso, artista, que
gravou música de Milton Nascimento, segue em turnê por Salvador e Porto Alegre
DANIELA ARRAIS
DA REPORTAGEM LOCAL
Para uma pergunta óbvia
("Qual é a sua expectativa sobre
o Brasil?"), uma resposta certeira: "Aprendi na minha vida a
não criar nenhuma expectativa
em relação às coisas sobre as
quais eu nada sei".
A frase de Will Oldham, o
Bonnie "Prince" Billy, cantor
que se apresenta hoje no Studio
SP, serve tanto para dizer o que
ele espera em sua primeira vinda ao Brasil quanto para dar
pistas sobre a música que faz:
letras e melodias que buscam
despertar no ouvinte algo até
então desconhecido.
"Tento colocar em uma música aquilo que eu sinto e que
nunca foi expressado antes.
Busco juntar as palavras de um
jeito que gostaria que alguém as
tivesse colocado para mim",
afirma Oldham, músico com fama de esquisito, recluso, enigmático e avesso a entrevistas.
Nascido em 1970, em Louisville (EUA), Oldham é figura
cultuada no meio alternativo e
tem fãs ilustres como a cantora
PJ Harvey e a banda Tortoise.
Entre suas idiossincrasias, está
o fato de se apresentar sob diferentes nomes: Palace Brothers,
Palace Songs, Palace e Palace
Music. Desde 1998, se apresenta como Bonnie "Prince" Billy,
inspirado em referências tão
dispares quanto Billy the Kid, o
lendário fora-da-lei do Oeste
americano, e Nat King Cole.
Canções densas e soturnas
Com influências como Leonard Cohen e Everly Brothers,
Oldham teve a música "I See a
Darkness", uma de suas mais
conhecidas, gravada por
Johnny Cash. "Me senti muito
recompensado. Foi um momento inacreditável ter uma
conexão desse tipo com alguém
que tem tanto significado em
minha vida", afirma.
Após SP, o músico segue para
Salvador e Porto Alegre. O repertório dos shows, em parceria com Emmet Kelly (voz e
violão), é decidido na hora. Mas
o foco deve ser em "Is It the
Sea?", seu disco mais recente
-também haverá espaço para
outras canções, densas e soturnas, que marcam seus 16 anos
de carreira, influenciada por
música de raiz norte-americana, folk, country e cultura celta.
Do Brasil, ouve artistas dos
anos 60 e 70, como Novos Baianos e Milton Nascimento, de
quem gravou "Cravo e Canela".
Nos últimos anos, Oldham
conta que sentiu urgência em
fazer músicas e gravar discos,
devido às mudanças proporcionadas pela tecnologia. Ele não
se sente 100% confortável com
a distribuição de músicas pela
internet "porque existem mais
pessoas que não têm acesso à
internet, que não têm cartão de
crédito para comprar músicas".
"Não tenho certeza se quero fazer parte disso", diz o cantor.
BONNIE "PRINCE" BILLY
Quando: hoje, às 22h (show de abertura de Thiago Pethit)
Onde: Studio SP (r. Augusta, 591, tel.
3129-7040)
Quanto: R$ 35
Classificação: não indicado para
menores de 18 anos
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