São Paulo, quarta-feira, 28 de fevereiro de 2007

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Municipal adia reforma e monta mais três óperas

Serão até junho três produções cômicas de Donizetti, Nino Rota e Rossini; a reestruturação do palco fica para agosto

Diretor Jamil Maluf opta por duas óperas que o Municipal nunca produziu: "A Filha do Regimento" e "A Italiana em Argel", ambas italianas


JOÃO BATISTA NATALI
DA REPORTAGEM LOCAL

Duas novidades do Teatro Municipal de São Paulo. Ele continuará funcionando no mínimo até julho e encenará neste primeiro semestre três óperas, belíssimas e engraçadas.
Foi adiada a reforma do palco, que manteria o teatro fechado boa parte do ano. O Tribunal de Contas do Município desautorizou a abertura dos envelopes da concorrência que escolheria a empreiteira no último dia 5, para que a Emurb (Empresa Municipal de Urbanização) esclareça dúvidas técnicas.
Com isso, fica o dito pelo não dito. Os concertos da Sinfônica Municipal e da Experimental de Repertório e as coreografias do Balé da Cidade deixam de ocorrer em locais espalhados pela cidade e voltam à praça Ramos de Azevedo. A programação do segundo semestre será definida em razão das obras, que podem começar em agosto.
Vejamos as três produções líricas, que o diretor do teatro, maestro Jamil Maluf, reuniu sob o título "A Comédia na Ópera", e que trombam com a idéia de que o belo do repertório operístico está sempre ligado à tristeza das tragédias. A temporada começa em abril com "A Filha do Regimento", de Gaetano Donizetti (1797-1848). Prossegue em maio com "O Chapéu de Palha de Florença", de Nino Rota (1911-1979) -remontagem de espetáculo de 2003. E acaba em junho com "A Italiana em Argel", de Gioacchino Rossini (1792-1868).
O curioso é que as obras de Donizetti e Rossini, popularíssimas no mercado de CDs e DVDs, nunca haviam sido produzidas pelo Municipal. Ambas têm em comum a música engenhosa e a estética musical italiana do início do século 19.
Quanto ao "Chapéu de Palha", seu autor, Nino Rota, é conhecido pelas trilhas para filmes de Fellini. Mas também foi diretor do conservatório de Bari e um dos mais refinados compositores de música sinfônica e de câmara do século passado.
"A Filha do Regimento" conta a história de Maria, recolhida ainda pequena por um regimento de granadeiros e que se apaixona por Tonio. Descobre-se que ela pertence a uma família nobre, os Birkenfeld, filha ilegítima de uma marquesa que quer casá-la com um dos seus. Claro que Tonio leva a melhor, e o casal vive feliz para sempre.
"O Chapéu de Palha de Florença" é a hilariante história de uma senhora de poucas virtudes, Anaïde, que tem o chapéu comido por um burro durante um encontro com seu amante em Paris. Ela precisa encontrar um chapéu idêntico para poder voltar para casa sem que o marido descubra o adultério.
Por fim, "A Italiana em Argel" -Rossini, aos 21 anos, a escreveu em 27 dias- entrelaça com oito personagens o amor do escravo italiano Lindoro por Isabella, prisioneiros na corte de Mustafá, soberano de Argel e marido de Elvira. Há coros de eunucos e toda uma parafernália de ingredientes com que os europeus viam o mundo islâmico no início do romantismo.
O Municipal não trará grandes estrelas estrangeiras e fará as montagens com bons elencos nacionais. Maria, na ópera de Donizetti, será cantada, por exemplo, pela experiente soprano Rosana Lamosa.
No "Chapéu de Palha", o trio que puxa o enredo terá o tenor Luciano Botelho, a soprano Edna d"Oliveira e a mezzo-soprano Regina Elena Mesquita.
Quanto à "Italiana", cantarão Luísa Francesconi, mezzo-soprano, o tenor André Vidal e o baixo Peppes do Vale.


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