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Municipal adia reforma e monta mais três óperas
Serão até junho três produções cômicas de Donizetti, Nino
Rota e Rossini; a reestruturação do palco fica para agosto
Diretor Jamil Maluf opta por duas óperas que o Municipal
nunca produziu: "A Filha do Regimento" e "A Italiana
em Argel", ambas italianas
JOÃO BATISTA NATALI
DA REPORTAGEM LOCAL
Duas novidades do Teatro
Municipal de São Paulo. Ele
continuará funcionando no mínimo até julho e encenará neste
primeiro semestre três óperas,
belíssimas e engraçadas.
Foi adiada a reforma do palco, que manteria o teatro fechado boa parte do ano. O Tribunal
de Contas do Município desautorizou a abertura dos envelopes da concorrência que escolheria a empreiteira no último
dia 5, para que a Emurb (Empresa Municipal de Urbanização) esclareça dúvidas técnicas.
Com isso, fica o dito pelo não
dito. Os concertos da Sinfônica
Municipal e da Experimental
de Repertório e as coreografias
do Balé da Cidade deixam de
ocorrer em locais espalhados
pela cidade e voltam à praça
Ramos de Azevedo. A programação do segundo semestre será definida em razão das obras,
que podem começar em agosto.
Vejamos as três produções líricas, que o diretor do teatro,
maestro Jamil Maluf, reuniu
sob o título "A Comédia na
Ópera", e que trombam com a
idéia de que o belo do repertório operístico está sempre ligado à tristeza das tragédias. A
temporada começa em abril
com "A Filha do Regimento",
de Gaetano Donizetti (1797-1848). Prossegue em maio com
"O Chapéu de Palha de Florença", de Nino Rota (1911-1979)
-remontagem de espetáculo
de 2003. E acaba em junho com
"A Italiana em Argel", de Gioacchino Rossini (1792-1868).
O curioso é que as obras de
Donizetti e Rossini, popularíssimas no mercado de CDs e
DVDs, nunca haviam sido produzidas pelo Municipal. Ambas
têm em comum a música engenhosa e a estética musical italiana do início do século 19.
Quanto ao "Chapéu de Palha", seu autor, Nino Rota, é conhecido pelas trilhas para filmes de Fellini. Mas também foi
diretor do conservatório de Bari e um dos mais refinados compositores de música sinfônica e
de câmara do século passado.
"A Filha do Regimento" conta a história de Maria, recolhida
ainda pequena por um regimento de granadeiros e que se
apaixona por Tonio. Descobre-se que ela pertence a uma família nobre, os Birkenfeld, filha
ilegítima de uma marquesa que
quer casá-la com um dos seus.
Claro que Tonio leva a melhor,
e o casal vive feliz para sempre.
"O Chapéu de Palha de Florença" é a hilariante história de
uma senhora de poucas virtudes, Anaïde, que tem o chapéu
comido por um burro durante
um encontro com seu amante
em Paris. Ela precisa encontrar
um chapéu idêntico para poder
voltar para casa sem que o marido descubra o adultério.
Por fim, "A Italiana em Argel" -Rossini, aos 21 anos, a escreveu em 27 dias- entrelaça
com oito personagens o amor
do escravo italiano Lindoro por
Isabella, prisioneiros na corte
de Mustafá, soberano de Argel
e marido de Elvira. Há coros de
eunucos e toda uma parafernália de ingredientes com que os
europeus viam o mundo islâmico no início do romantismo.
O Municipal não trará grandes estrelas estrangeiras e fará
as montagens com bons elencos nacionais. Maria, na ópera
de Donizetti, será cantada, por
exemplo, pela experiente soprano Rosana Lamosa.
No "Chapéu de Palha", o trio
que puxa o enredo terá o tenor
Luciano Botelho, a soprano Edna d"Oliveira e a mezzo-soprano Regina Elena Mesquita.
Quanto à "Italiana", cantarão
Luísa Francesconi, mezzo-soprano, o tenor André Vidal e o
baixo Peppes do Vale.
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