São Paulo, segunda-feira, 28 de agosto de 2006

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Crítica/"A Odisséia Musical de Gilberto Mendes"

Papa das vanguardas brasileiras dos anos 60 ganha homenagem afetiva

IRINEU FRANCO PERPETUO
COLABORAÇÃO PARA A FOLHA

Produções bem-cuidadas, os documentários musicais feitos ultimamente no Brasil apostam na empatia do espectador com o retratado. É preciso gostar do papa das vanguardas brasileiras dos anos 60, e fundador do Festival Música Nova, para apreciar "A Odisséia Musical de Gilberto Mendes".
Porque o filme foi feito com evidente carga afetiva por seu filho, Carlos de Moura Mendes, e narrado por Nara Chaib Mendes, neta de 18 anos do compositor, que solta frases como "adoro ver meu avô com a cara do meu pai", quando da exibição de trechos de um documentário dos anos 70.
O bom é que -entre festas de família, passeios na praia e andanças pela Europa- a música de Mendes merece destaque.
Trechos de quase 40 criações representativas estão lá, incluindo obras emblemáticas, como "Beba Coca-Cola" e "Santos Football Music".
Teria sido uma traição à estética de Gilberto Mendes contar sua trajetória, no filme, de maneira linear. Sem compromisso com a cronologia, alternam-se performances musicais e depoimentos -nos quais predomina a prosa ligeira do compositor-, mas se destacam também imagens preciosas, como Haroldo de Campos discorrendo sobre as relações entre as vanguardas da poesia e da música no pós-guerra.
A lista de entrevistados inclui artistas como o poeta Décio Pignatari, o maestro Roberto Minczuk e o compositor Almeida Prado.
A maioria opta pelo puro e simples panegírico, mas há momentos de polifonia, como quando o compositor Willy Corrêa de Oliveira critica o Manifesto Música Nova, do qual ele e Mendes foram signatários, como coisa de "intelectual pequeno-burguês em seu mundinho pequeno e mesquinho".


A ODISSÉIA MUSICAL DE GILBERTO MENDES    
Direção:
Carlos de Moura Mendes
Produção: Brasil, 2006
Quando: Cine Bombril 2, às 17h20


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