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Crítica/"A Odisséia Musical de Gilberto Mendes"
Papa das vanguardas brasileiras dos anos 60 ganha homenagem afetiva
IRINEU FRANCO PERPETUO
COLABORAÇÃO PARA A FOLHA
Produções bem-cuidadas, os documentários
musicais feitos ultimamente no Brasil apostam na
empatia do espectador com o
retratado. É preciso gostar do
papa das vanguardas brasileiras dos anos 60, e fundador do
Festival Música Nova, para
apreciar "A Odisséia Musical de
Gilberto Mendes".
Porque o filme foi feito com
evidente carga afetiva por seu
filho, Carlos de Moura Mendes,
e narrado por Nara Chaib Mendes, neta de 18 anos do compositor, que solta frases como "adoro ver meu avô com a cara
do meu pai", quando da exibição de trechos de um documentário dos anos 70.
O bom é que -entre festas de
família, passeios na praia e andanças pela Europa- a música
de Mendes merece destaque.
Trechos de quase 40 criações
representativas estão lá, incluindo obras emblemáticas,
como "Beba Coca-Cola" e "Santos Football Music".
Teria sido uma traição à estética de Gilberto Mendes contar
sua trajetória, no filme, de maneira linear. Sem compromisso
com a cronologia, alternam-se
performances musicais e depoimentos -nos quais predomina a prosa ligeira do compositor-, mas se destacam também imagens preciosas, como
Haroldo de Campos discorrendo sobre as relações entre as
vanguardas da poesia e da música no pós-guerra.
A lista de entrevistados inclui
artistas como o poeta Décio
Pignatari, o maestro Roberto
Minczuk e o compositor Almeida Prado.
A maioria opta pelo puro e
simples panegírico, mas há momentos de polifonia, como
quando o compositor Willy
Corrêa de Oliveira critica o Manifesto Música Nova, do qual
ele e Mendes foram signatários,
como coisa de "intelectual pequeno-burguês em seu mundinho pequeno e mesquinho".
A ODISSÉIA MUSICAL DE GILBERTO MENDES
Direção: Carlos de Moura Mendes
Produção: Brasil, 2006
Quando: Cine Bombril 2, às 17h20
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