São Paulo, quarta-feira, 28 de dezembro de 2005

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MÚSICA

Zé Luiz do Império, Luiz Grande e Jurandir da Mangueira apresentam seus novos CDs hoje em show conjunto

Candongueiro leva samba carioca ao Sesc

Publius Vergilius/Folha Imagem
Zé Luiz do Império, Luiz Grande e Jurandir da Mangueira, em show


LUIZ FERNANDO VIANNA
DA SUCURSAL DO RIO

Uma das principais casas de samba do Estado do Rio, o Candongueiro está comemorando seus 15 anos com planos de gente grande: os CDs de Zé Luiz do Império, Luiz Grande e Jurandir da Mangueira são os primeiros produtos do selo Candongueiro.
Hoje e amanhã, no Sesc Pompéia, os três artistas se apresentarão, os CDs serão vendidos e o público poderá ter uma boa idéia de como funciona a roda de samba que acontece, em sábados alternados, na já lendária casa de Pendotiba, bairro de Niterói.
Ílton Mendes, dono do Candongueiro, é um dos percussionistas da roda, formando um time de ótimos músicos que ainda conta com os cavaquinistas Serginho Procópio (da Portela) e Wanderley Monteiro, dentre outros. Mas as principais atrações de hoje e amanhã são os três grandes sambistas, que, embora com décadas de carreira, só agora estão lançando seus primeiros discos solo.
Zé Luiz, 61, é um dos maiores compositores da história do Império Serrano, sendo hoje o líder da velha-guarda da escola. Para o também imperiano Roberto Ribeiro, forneceu, em parceria com outros sambistas, sucessos como "Todo Menino É Um Rei", "Tempo Ê" e "Malandros Maneiros". O primeiro ficou de fora do CD, mas os outros dois foram gravados.
""Todo Menino É Um Rei" já teve várias gravações, seria perder uma faixa. Procurei um repertório equilibrado", conta Zé Luiz.
Por "equilibrado" entenda-se quatro músicas completamente inéditas, uma só registrada em um disco de brinde de fim de ano ("Natal Imperiano") e as outras sete já gravadas, mas nem todas amplamente conhecidas. Da parceria com Nei Lopes, Zé Luiz incluiu "Caído com Elegância", mas deixou de fora "Eu Não Fui Convidado", um dos carros-chefes do Fundo de Quintal.
Produzido por Paulão 7 Cordas, o mesmo do CD de Zé Luiz, o de Luiz Grande, 59, deixou de lado os sambas do Trio Calafrio -formado por Grande, Barbeirinho do Jacarezinho e Marcos Diniz- que Zeca Pagodinho transformou em sucessos, como "Caviar", "Conflito" e "Dona Esponja". Está ressaltado o craque do samba sincopado, que teve em João Nogueira seu principal intérprete. "Maria Rita", o maior acerto da dupla, está no repertório ao lado de "Amor de Dois Anos" e outras.
Jurandir da Mangueira, 66, fez uma opção ainda mais radical. Embora tenha vencido 11 disputas em sua escola, preferiu escolher só um samba-enredo para gravar: "Cem Anos de Liberdade: Realidade ou Ilusão". Das outras faixas, só uma não é inédita: "Transformação", obrigatória em qualquer roda de samba.
"Privilegiei as músicas de meio de ano [não-carnavalescas] porque eu tenho muitas, quase todas inéditas. Daria para gravar outros CDs", diz ele, que, produzido por Mauro Diniz, registrou sambas de alto nível como "Tanto Faz" e "Vilma de Tal" -"quando eu cantava essa na quadra da Mangueira, as mulheres botavam a saia na cabeça", brinca ele.
Como outros projetos patrocinados pela Petrobras, os CDs não têm venda comercial. Os próprios compositores estão se desdobrando para distribuir os discos. Hoje, no Sesc Pompéia, eles estarão à venda por R$ 20.

Candongueiro Quando: hoje e amanhã, às 21h
Onde: Sesc Pompéia (r. Clélia, 93, tel. 3871-7700)
Quanto: de R$ 5 a R$ 15


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