LUCRECIA ZAPPI
FREE-LANCE PARA A FOLHA

A partir de hoje, na galeria Vermelho, as cruzadas horizontais e verticais que riscam a metrópole são refeitas por nove artistas, com 37 obras inéditas, após três meses de discussão sobre questões da cidade, mediada pelos organizadores Eder Chiodetto, editor de fotografia da Folha, e Marta Bogéa, arquiteta, que tentaram dar um enfoque "mais subjetivo".
Apesar da fotografia ter presença decisiva na exposição "Derivas", há objetos, vídeos e instalações, como um programa de rodízio para as obras, feito por Fabiano Marques, nos moldes do rodízio para carros da cidade, a reprojeção da fachada da própria galeria no chão, por Ângela Detanico e Rafael Lain, ou os "imóveis móveis" de Marcelo Cidade, chamados de "Monoblocos".
"Derivas", assim como a cidade, tem obras que se aproximam pelo conceito da verticalidade latente ou que se estendem em mapeamentos horizontais, como as fotos de Rafael Assef, que mostram uma nova malha urbana, redesenhada através de incisões na pele.
O assistente de fotografia da Revista da Folha Rogério Canella expõe, entre outros trabalhos, a foto "Buraco", feita a 15 metros de profundidade do solo, e diz ser fascinado pelos modelos de construção já em ruínas, enquanto que Roberta Dabdab explora a invisibilidade da cidade através do excesso de imagens publicitárias. Cris Bierrenbach também utiliza o outdoor, mas para tratar do jogo de escalas das metrópoles e da figura feminina na publicidade.