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Crítica/dança
Bom elenco não salva Complexions da monotonia
Companhia dos EUA apresenta nesta noite coreografia no Teatro Municipal
INÊS BOGÉA
ENVIADA ESPECIAL AO RIO
Depois de passar por Rio
e Belo Horizonte, o
Complexions Contemporary Ballet chega a São Paulo
e segue para Porto Alegre. Criada em 1994 por Dwight Rhoden
e Desmond Richardson, ex-bailarinos do grupo de Alvin Ailey,
a companhia apresenta a turnê
"Red, Hot & Soul", com coreografias de Rhoden e design de
luz de Michael Korsch.
Rhoden já criou para vários
grupos, como o Alvin Ailey
American Dance Theater e o
Washington Ballet. Richardson
dançou no Ballet de Frankfurt
e no American Ballet Theatre; e
foi solista convidado no Swedish Opera Ballet, Scalla de Milão e San Francisco Ballet.
As peças são inspiradas por
situações políticas, sociais e
pessoais. O programa começa
com muito movimento de corpos, impecavelmente treinados, em gestos atléticos com influências da linguagem clássica
e do jazz. "Red (A Força)" é um
trecho do balé "Anthem" ("Hino") que se completaria com
"Branco (A Clareza)" e "Azul (O
Jogo)", formando as cores da
bandeira americana. O balé estreou em 2002, um ano após o
atentado do 11 de Setembro, e
"profundamente influenciado
pelo mundo em que vivemos".
Uma profusão de movimentos, com músicas de Jimi Hendrix e Astor Piazolla, entre outros, compondo pequenas narrativas (organização, luta, sangue, amor, desafio etc.), cria um
embaralhamento de imagens e
uma exaustão dos sentidos. A
fisicalidade extrema dos movimentos exige apuro na execução dos passos; os bailarinos
reagem prontamente, com gestos frenéticos e sinuosos.
A qualidade dos dançarinos
está acima de qualquer dúvida;
mas as coreografias acabam sofrendo com a supersobreposição de passos. Vão se tornando
monótonas, com ações e reações automatizadas dos mirabolantes movimentos.
Essas sobreposições começam a se decantar em outros
balés, com menos elementos na
cena. No trio masculino, "Gone", os movimentos portam a
suavidade de gestos elásticos
no espaço. E "Solo" evidencia a
força de Richardson, capaz de
mover cada pedaço do corpo
com precisão e densidade.
A terceira parte é um tributo
à música de Nina Simone
"Pretty Gritty Suite", que retorna às sobreposições iniciais. Será que um pouco mais de balanço entre tantas intensidades
não criaria mais "complexions"
(humores, temperamentos)?
Se, por um lado, a companhia
atualiza o trabalho mais dramático de Ailey, por outro parece correr o risco das fórmulas
prontas, que projetam uma sonhada, inacessível renovação.
A crítica INÊS BOGÉA viajou a convite da Dell"
Arte Produções
COMPLEXIONS CONTEMPORARY BALLET
Onde: Teatro Municipal de SP (pça. Ramos de Azevedo s/n, tel. 3222-8698)
Quando: hoje e amanhã, às 21h
Quanto: de R$ 60 a R$ 180
Avaliação: regular
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