São Paulo, quinta-feira, 30 de julho de 2009

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Crítica/"A Vida É Perto"

Byington cresce em show-monólogo

Sem medo de esbarrar no piegas, monólogo musical "A Vida É Perto" entremeia música e histórias da vida da cantora

Divulgação
A cantora carioca Olivia Byington recebe o público no teatro Eva
Herz, onde ficará em cartaz aos sábados e domingos de agosto


MARCUS PRETO
DA REPORTAGEM LOCAL

Quando o público entra no teatro, a cantora já está em cena, andando pelo palco. Sozinha. Coloca para tocar músicas que seleciona no iTunes de seu laptop, aberto sobre a mesinha ao lado direito da banqueta em que fará o show a seguir.
Comenta cada escolha com as pessoas que vão chegando para preencher -ao menos foi assim cheia a apresentação de sábado passado- todos os 166 lugares disponíveis na plateia e mais algumas cadeiras extras.
Acende com fósforos as velas suspensas nos lustres, uma a uma, desviando dos muitos livros empilhados no chão, ao lado de outros objetos pessoais, cartões, fotografias, discos, almofadas. Intimidades.
Se esses recursos cênicos, que buscam aproximar público e espetáculo, já foram usados à exaustão em montagens teatrais a ponto de terem se tornado quase clichês, eles funcionam bastante bem em "A Vida É Perto", o "monólogo musical" que Olivia Byington mantém em cartaz até 30 de agosto no teatro Eva Herz.
Olivia diz ter criado o espetáculo por causa da inveja que sempre sentiu dos atores de teatro que se apresentam sozinhos. O roteiro, tanto musical quanto cênico, é assinado por ela e ganha pontos cada vez que não se importa em deparar-se com situações presumivelmente cafonas ou piegas.
Ainda que Olivia não seja exatamente uma atriz, os textos que entremeiam o repertório do show quase sempre chegam ao que pretendem: reforçar a amarração entre uma canção e outra.
Acompanhando-se ao violão, a cantora parte de Tom Jobim ("Fotografia", "Modinha") para identificar sua maior referência estética -e, neste momento, faz correr pelas mãos do público um cartão postal assinado pelo compositor, que ela diz ter comprado por R$ 1 em uma feira de antiguidades.
Canta "Lady Jane" e "Anjo Vadio", seus sucessos quase secretos dos anos 70 e 80. Esbarra no tributo que fez a Aracy de Almeida em 1997 ("Menina Fricote" e "Uva de Caminhão") e termina erudita, com as "Bachianas Nº5", de Villa-Lobos.
No momento mais íntimo do show, refere-se ao filho João, que nasceu com uma síndrome rara que o fez passar por mais de 30 cirurgias. Foi com o menino que ela aprendeu a conviver com a diversidade, diz, pois "ele veio ao mundo gostando de música sertaneja numa casa em que só se ouvia Tom e Noel".
É a deixa para atacar a malhada "Pense em Mim", hit da dupla Leandro & Leonardo, e quebrar o clima choroso que já se esboça em parte da plateia.
Nesta temporada em São Paulo, Olivia abre "A Vida É Perto" com "Orra Meu", rock de Rita Lee que considera uma espécie de "pedido de boas-vindas", de "chave da cidade". Ao menos ao que se refere à resposta do público, a estratégia parece ter funcionado.


A VIDA É PERTO
Quando: sábados, às 19h, e domingos, às 17h; até 30/8
Onde: Teatro Eva Herz (av. Paulista, 2073, tel. 3170-4059)
Quanto: R$ 40
Classificação: livre
Avaliação: bom




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