São Paulo, sábado, 30 de novembro de 2002

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"Re-Bentos" expõe conflitos da submoradia na região central

VALMIR SANTOS
DA REPORTAGEM LOCAL

Suburbana na dramaturgia de Plínio Marcos (1935-99) -o muquifo da prostituta e do cafetão em "Navalha na Carne", por exemplo-, a submoradia como quintal de violências migra para o centro da cidade em "Re-Bentos", de Paulo Farias.
A nova da Cia. Pessoal do Faroeste, 5, estréia hoje no Centro Cultural Capobianco, onde está sediada (curiosamente uma iniciativa empresarial da construção civil), como resultado de pesquisa e oficinas com à população que mora ao lado do teatro.
Durante um ano descobriu-se que invasão, ocupação e cortiço são categorias distintas. Entre a ação desesperada de "moradores de rua" por abrigo (invasão) e o movimento politicamente organizado por habitação (ocupação), "Re-Bentos" centra sua história num cortiço (casa de cômodos preenchidos coletivamente).
Alma (Rejane Arruda, do monólogo "Valsa nš 6") faz as vezes de assistente social para o pastor Haokah (Chico Villa), mas compactua com traficantes. Uma chuva provoca desabamentos na vizinhança e motiva a invasão do cortiço. A tragédia se dá ao longo de um dia. Como alicerce, Farias, 37, se apropria da crônica social e do mito grego de Eros e Psiquê, ou Amor e Alma, que superam obstáculos para viverem juntos.
"Re-Bentos" quer trazer à tona o barril de pólvora da submoradia no centro, uma questão de cidadania que a própria cidade desconhece, diz Farias, co-diretor do espetáculo. "O contato com a população excluída torna a experiência do teatro ainda mais instigante", afirma o ator Adão Filho, que vive um líder comunitário.


RE-BENTOS. De: Paulo Farias. Direção: Edgar Castro e Paulo Farias. Com: Cia. Pessoal do Faroeste (Bri Fiocca, Silvia Borges, Eliseu Paranhos, Isadora Ferrite e outros). Onde: Centro Cultural Capobianco (r. Álvaro de Carvalho, 97, tel. 3151-2266). Quando: estréia hoje, às 21h; sex. e sáb., às 21h; dom., às 18h30. Entrada franca. Patrocinador: Programa Municipal de Fomento ao Teatro.


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