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"Re-Bentos" expõe conflitos da submoradia na região central
VALMIR SANTOS
DA REPORTAGEM LOCAL
Suburbana na dramaturgia de
Plínio Marcos (1935-99) -o muquifo da prostituta e do cafetão
em "Navalha na Carne", por
exemplo-, a submoradia como
quintal de violências migra para o
centro da cidade em "Re-Bentos",
de Paulo Farias.
A nova da Cia. Pessoal do Faroeste, 5, estréia hoje no Centro
Cultural Capobianco, onde está
sediada (curiosamente uma iniciativa empresarial da construção
civil), como resultado de pesquisa
e oficinas com à população que
mora ao lado do teatro.
Durante um ano descobriu-se
que invasão, ocupação e cortiço
são categorias distintas. Entre a
ação desesperada de "moradores
de rua" por abrigo (invasão) e o
movimento politicamente organizado por habitação (ocupação),
"Re-Bentos" centra sua história
num cortiço (casa de cômodos
preenchidos coletivamente).
Alma (Rejane Arruda, do monólogo "Valsa nš 6") faz as vezes
de assistente social para o pastor
Haokah (Chico Villa), mas compactua com traficantes. Uma chuva provoca desabamentos na vizinhança e motiva a invasão do cortiço. A tragédia se dá ao longo de
um dia. Como alicerce, Farias, 37,
se apropria da crônica social e do
mito grego de Eros e Psiquê, ou
Amor e Alma, que superam obstáculos para viverem juntos.
"Re-Bentos" quer trazer à tona
o barril de pólvora da submoradia
no centro, uma questão de cidadania que a própria cidade desconhece, diz Farias, co-diretor do
espetáculo. "O contato com a população excluída torna a experiência do teatro ainda mais instigante", afirma o ator Adão Filho,
que vive um líder comunitário.
RE-BENTOS. De: Paulo Farias. Direção:
Edgar Castro e Paulo Farias. Com: Cia.
Pessoal do Faroeste (Bri Fiocca, Silvia
Borges, Eliseu Paranhos, Isadora Ferrite e
outros). Onde: Centro Cultural
Capobianco (r. Álvaro de Carvalho, 97,
tel. 3151-2266). Quando: estréia hoje, às
21h; sex. e sáb., às 21h; dom., às 18h30.
Entrada franca. Patrocinador: Programa
Municipal de Fomento ao Teatro.
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