BRUNO YUTAKA SAITO
DA REDAÇÃO

O que motivaria alguém a trocar um blockbuster como "X-Men 2", exibido em um multiplex, por "O Pianista", projetado em uma sala de cinema com cem lugares na Vila Mariana?
Para os chamados cinéfilos, os cineclubes de São Paulo, como o cine Segall -que reabre hoje-, adquirem ares de resistência romântica. À primeira vista, pode sugerir que se trata de um surto de um público nostálgico.
Para os recém-chegados ao circuito alternativo, o termo "reabertura" pode soar estranho, uma vez que a sala do Museu Lasar Segall foi desativada nos anos 90, permanecendo obscura para uma nova geração.
Tentando se integrar no circuito composto pelas salas de exibição do Centro Cultural São Paulo e do Cine Arte Lilian Lemmertz, por exemplo, o cine Segall faz parte também de uma estratégia para atrair um novo (e maior) público ao museu.
Inicialmente, o Segall vai exibir filmes de arte prestes a sair (ou recentemente fora) de cartaz, como "O Pianista", de Roman Polanski, que abre a programação. O projeto surge de uma parceria com a distribuidora Polifilmes.
A reabertura do cinema é uma tentativa de volta às décadas de 70 e 80, época em que o museu fazia parte de um seleto grupo de cineclubes.
A sala, que nos últimos anos era usada como espaço para debates e palestras, serviu, nas décadas passadas, de espaço para ciclos, como o dedicado ao russo Sergei Eisenstein (1898-1948), em 1974, e ao cinema paulista, em 1980.
Cursos e pesquisas na área também fizeram a fama da empreitada cinematográfica do museu paulistano.
É hora, também, para os apaixonados pelo cinema conhecerem (ou retornarem) ao Lasar Segall, referência nos estudos dedicados à área. Atualmente, o museu recebe 85 periódicos do mundo inteiro sobre cinema, além das coleções completas de revistas como a brasileira "Scena Muda" e a francesa "Cahiers du Cinéma.