SHIN OLIVA SUZUKI
DA REDAÇÃO

A partir de hoje será possível constatar que os ex-alunos de faculdade de cinema Orson Welles, Steven Spielberg, Roman Polanski, Martin Scorsese e Oliver Stone faziam mais do que apenas aproveitar o oba-oba do campus universitário.
O ciclo "Back to Film School", no Centro Cultural Banco do Brasil, apresenta cinco curtas-metragens em formato 16 mm do período em que os consagrados diretores possuíam espaço para experimentalismos, mas orçamentos bem mais enxutos.
Os filmes mostram tanto contrastes radicais com obras posteriores quanto a presença de práticas e temas recorrentes na carreira dos cineastas.
Caso de Oliver Stone, de "Platoon" e "Nascido em 4 de Julho", que decidiu abordar em sua primeira produção -bingo- a Guerra do Vietnã.
Sua experiência real no malfadado combate foi inspiração para "Last Year in Vietnan" (1971), sobre um jovem atormentado pelas lembranças da guerra.
Orson Welles também preferiu tons sombrios e enfocou a morte -ponto de partida do clássico "Cidadão Kane"- no curta de estréia "The Heart of Age". Curiosamente, a produção é recheada de traços surrealistas, que não condizem com as críticas ao movimento que Welles mais tarde faria.
Já "Two Men and a Wardrobe", do franco-polonês Roman Polanski, é surreal em essência, com uma trama acerca de dois "marinheiros" que chegam a uma praia a bordo de um guarda-roupa.
Olhos atentos para a ponta de Polanski no filme, que reservou para si a tarefa de espancar um dos protagonistas. A mesmíssima brincadeira foi repetida 17 anos depois em seu "Chinatown".
Delírio também pontua a estréia de Martin Scorsese -aliás, professor de Oliver Stone na Universidade de Nova York- em "What's a Nice Girl like You Doing in a Place Like This?", que retrata um escritor obcecado por uma pintura, em uma sequência cortante, quase de videoclipe.
Mas o principal destaque do ciclo é ver Steven Spielberg com seu "Amblin". De temática totalmente hippie, o que inclui alusão clara ao uso da maconha e trilha sonora à la The Mamas & the Papas, o filme valeu ao diretor um contrato com os estúdios Universal. É de perguntar se "Amblin" sairia intacto a um relançamento, algo que não ocorreu ao modificado e editado "E.T." neste ano.



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