São Paulo, terça-feira, 31 de outubro de 2006

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CCBB abriga painel histórico da arte da gravura

Com cerca de 200 obras, "Impressões Originais: A Gravura Desde o Século 15" exibe trabalhos de artistas como Dürer

Três curadores definiram sete nomes-chave na história da técnica e querem atestar que gravura não pode ser menosprezada

Fernando Donasci/Folha Imagem
Funcionário com obra de Roy Lichtenstein (à esq.) em montagem de "Impressões Originais"


MARIO GIOIA
DA REPORTAGEM LOCAL

Um panorama do essencial da história da gravura e uma prova de que ela não é uma técnica menor no universo das artes plásticas. Esses dois eixos norteiam a exposição "Impressões Originais: A Gravura Desde o Século 15", que é aberta para o público a partir de hoje no CCBB (Centro Cultural Banco do Brasil) de São Paulo.
Os curadores Carlos Martins, Valéria Piccoli e Pieter Tjabbes selecionaram cerca de 200 obras realizadas nas mais variadas técnicas (xilogravura, água forte, litografia, entre outras) e elegeram sete artistas-chave para a mostra: Dürer, Callot, Goya, Rembrandt, Piranesi, Morandi e Picasso.
"Escolhemos esses nomes por eles serem muito importantes no desenvolvimento da linguagem da gravura e porque suas obras podem dar ao espectador uma idéia de como a técnica foi evoluindo", afirma Martins, ele próprio um experiente gravador, organizador do gabinete de gravuras do Museu Nacional de Belas Artes e ex-diretor dos Museus Castro Maya, ambos no Rio.
A sala que abre a exposição é uma réplica de um ateliê de gravura, com prensas, instrumentos e matrizes da versão portuguesa do manual de gravura em metal de Abraham Bosse. "Quisemos dar a idéia de como era o ambiente no qual se produziam as obras", diz Martins. No mesmo segmento, também serão exibidos um incunábulo do século 15, um livro com iluminuras, junto de trabalhos de Rembrandt (1606-1669), incluindo auto-retratos do artista.

Nomes importantes
Nesta sala, além de Rembrandt, também aparecem obras de Dürer (1471-1528), como a excepcional "Melancolia". "Ele foi o primeiro grande nome a impor a gravura como meio autônomo de expressão. Soube desenvolver diversas técnicas para criar efeitos plásticos", avalia Piccoli.
Callot (1592-1635), também presente na mesma sala, é um nome a ser descoberto pelo espectador. Ele marca a possibilidade da gravura como uma técnica que proporciona mais liberdade autoral ao artista, que, na época, ainda eram muito reféns da pintura a óleo, em geral feita por encomenda. "Seus trabalhos de maior qualidade são gravuras e, por não fazer óleos, ficou um pouco esquecido na história da arte. Mas é um grande nome", diz a curadora.
Muitas das obras retratam temas que fogem ao "bom gosto" da época em que foram feitas. Assim, a crítica de costumes e o retrato de cenas pitorescas ganham espaço nas matrizes dos artistas. Nesta sala, ainda podem ser vistas obras de Cranach, Holbein, Van Leyden e Schongauer, entre outros.
No espaço expositivo do segundo andar, as paisagens e arquiteturas fantásticas de Piranesi (1720-1778) se destacam. "Até hoje, seu estilo é intrigante e singular", afirma Piccoli. Goya (1746-1828) também é exibido, com alguns exemplares de sua conhecida série "Desastres da Guerra". Nesse espaço, ganham espaço nomes ligados à modernidade, como os expressionistas Nolde e Kirchner; Picasso (1881-1973) e Morandi (1890-1964).

IMPRESSÕES ORIGINAIS: A GRAVURA DESDE O SÉCULO 15
Quando:
de ter. a sáb., das 10h às 21h; dom., das 10h às 20h; até 7/1
Onde: CCBB-SP (r. Álvares Penteado, 112, tel. 3113-3651 e 3113-3652
Quanto: entrada franca


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