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OPINIÃO
A inseminação e o peso econômico da sanidade animal
DONÁRIO LOPES DE ALMEIDA
O CAUDALOSO noticiário
sobre os problemas relativos
à sanidade animal nos países do
Mercosul e na Europa- sobretudo quanto à febre aftosa e, antes,
quanto ao mal da vaca louca- no
continente europeu revelou ao
público leigo o que na intimidade
do setor sempre se soube: a importância econômica da pecuária.
O assunto abriu espaço em toda
a mídia. Diários prestigiosos, como "Financial Times" e "The Times", estamparam o assunto em
suas primeiras páginas.
O sacrifício de rebanhos inteiros
causou comoção nacional. No
Brasil, o fenômeno se repetiu,
também não por acaso. Em tempos de balança comercial ainda
cambaleante, o país tem potencial
para atingir US$ 1 bilhão em exportações de carne.
Sem esquecer o expressivo mercado nacional que tem potencial
para um crescimento gigantesco
na meta de continuar embarcando carne para consumidores cada
vez mais preocupados com segurança alimentar, a inseminação
artificial tem uma grande contribuição a oferecer.
A produção de doses de sêmen
em centrais habilitadas tecnicamente, com reconhecimento dos
órgãos oficiais responsáveis pela
fiscalização sanitária, previne a
transmissão não só da febre aftosa
e do mal da vaca louca mas também de outras doenças que causam terríveis prejuízos.
Muitas vezes os touros em monta natural servem como vetores
de doenças como a leptospirose, a
brucelose, a tuberculose, a tricomonose e outras zoonoses.
O benefício da inseminação artificial não se esgota por aí na contenção de doenças consideradas
de primeira ou segunda linha,
mas que, independentemente da
classificação, representam riscos
ao consumidor e ao próprio desenvolvimento da pecuária.
Agregada à produção sanitária
controlada, a inseminação artificial oferece melhoramento do rebanho geral pelo uso da genética
de touros superiores. Esse melhoramento, por sua vez, reverte em
mais carne por hectare e em mais
leite por vaca em ordenha.
Essa dupla vantagem- controle sanitário e aumento de produção proveniente de genética superior- deve expandir a utilização
das técnicas artificiais de reprodução.
Tanto no gado de corte como
nos rebanhos leiteiros, os melhoradores de ponta é que estão sendo utilizados, e não o chamado
"boi de bola", que vai padrear rebanhos afastados de programas
consistentes de seleção e aprimoramento. A questão é tornar acessível ao pecuarista a opção de animais mais apropriados.
Na monta natural, em geral não
são computados custos relativos a
despesas com pessoal, acidentes
com reprodutores, conserto e manutenção de cercas, perdas de bezerras e novilhas por dificuldade
no parto, além da já mencionada
contaminação por doença da reprodução e riscos de redução de
produção em decorrência do uso
de reprodutores não-selecionados, sem prova genética.
Com a inseminação artificial,
por sua vez, há a eliminação de
mortes no parto e de acidentes
com touros e a possibilidade de
maximizar o acasalamento genético, utilizando o touro certo para
cada fêmea ou grupo de fêmeas,
tanto de corte quanto de leite.
Embora seja difícil mensurar os
custos dos dois métodos de reprodução em virtude das peculiaridades de cada fazenda em relação ao estágio tecnológico, a Associação Brasileira de Inseminação Artificial (Asbia) realizou
uma comparação entre os custos
efetivos da inseminação artificial
em relação à monta natural.
O estudo constatou que o uso de
reprodutores num rebanho demanda investimento inicial ligeiramente menor do que o necessário para implantar a inseminação
artificial. Ocorre que o melhoramento genético proporcionado
pela utilização da técnica causa
impacto tão favorável nas contas
da fazenda que, levando em conta
o período de um ano, o custo por
prenhez obtida por técnicas artificiais fica abaixo do registrado na
monta natural. Com o tempo, essa vantagem se acentua devido à
necessidade de reposição de touros. No ano passado o comércio
de sêmen de empresas certificadas pelo Ministério da Agricultura atingiu 5,769 milhões de doses.
Donário Lopes de Almeida é presidente da (Asbia) Associação Brasileira de Inseminação Artificial e diretor da ABS
Pecplan
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