São Paulo, Terça-feira, 21 de Setembro de 1999
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AGROBUSINESS

Volta das chuvas derruba os preços do café


ROBERTO DE OLIVEIRA
da Reportagem Local

Frustrando as expectativas dos cafeicultores, a saca atingiu o menor preço desta safra 99/2000 na semana passada. A queda foi de 9%, o que representa cerca de R$ 15 a menos no bolso do produtor.
O cenário indicava condições favoráveis para esta temporada. A safra brasileira é avaliada em 25,5 milhões de sacas de 60 kg, o que representa uma redução de 25% em relação à passada.
Como o Brasil é o principal fornecedor de café no mercado mundial (cerca de 30%), a menor oferta poderia fazer com que os preços subissem, acreditavam os produtores no início desta colheita, em julho último.
Mas a quebra de produção brasileira não está sendo suficiente para aquecer os preços no mercado internacional. Desde que começou a chover no Brasil, no início deste mês, a Bolsa de Nova York acumula queda de 25%.
Antes das chuvas, havia preocupação com relação à próxima safra de café do Brasil por causa da seca. Há especulações sobre a próxima safra, que seria recorde, em torno de 40 milhões de sacas, mas tanto cooperativas como especialistas no setor de café afirmam que ainda é muito cedo para traçar alguma expectativa.
Para piorar ainda mais a situação da cafeicultura brasileira, a partir do começo do mês que vem começam a entrar no mercado internacional as safras da Colômbia e do México, avaliadas, respectivamente, pelo Usda (Departamento da Agricultura dos EUA) em 12,7 milhões de sacas e 5,2 milhões de sacas de 60 kg.
Em seguida, entram as produções de menor escala de Honduras e Nicarágua, entre outros países da América Central.
Diante de um cenário como esse, há poucas chances, dizem economistas, de ocorrer recuperação de preços a curto prazo em consequência do aumento de oferta.
Problemas de acesso ao crédito estão levando cafeicultores a desovarem seus estoques, colaborando com a queda de preços.
Indicadores do Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada (Cepea) revelam que o preço do café pago ao produtor é 24% menor em dólar nesta safra em relação à temporada anterior. Em real, o cafeicultor tem um ganho de 20%, devido, é claro, à desvalorização da moeda brasileira.
Manoel Vicente Fernandes Bertone, integrante do CDPC (Conselho Deliberativo da Política do Café), diz que uma linha de crédito de R$ 250 milhões, com limite de R$ 100 mil por agricultor, com juros de 9,5% ao ano, está sendo criada para o custeio da próxima safra. "Esperamos ajudar o agricultor a controlar seus estoques, e, com isso, elevar o preço."


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