São Paulo, Terça-feira, 21 de Setembro de 1999
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Mercosul vai reduzir as lavouras de arroz

da Reportagem Local


Os principais países produtores de arroz do Mercosul (inclui-se aí o Brasil) devem reduzir a área destinada à cultura nesta safra de verão, o que poderá favorecer a alta de preços.
A desvalorização do real tornou o arroz importado mais caro por aqui. Na safra passada, produtores da Argentina e do Uruguai, principais fornecedores de arroz para o Brasil, ampliaram sua área. Só que não contavam com a mudança cambial deste ano.
Com a desvalorização do real, agora os produtores estão reduzindo o espaço destinado ao arroz para a safra de verão. Na Argentina, por exemplo, calcula-se que poderá ocorrer uma diminuição de 25% a 30% na área. Há, porém, analistas de mercado que acreditam em uma redução de até 50% nos arrozais daquele país.
Os agricultores argentinos haviam apostado no arroz na safra passada. Depois de a cultura ter rendido 900 mil t na safra 97/98, na anterior, a produção saltou para 1,6 milhão de t.
Os consumidores argentinos abocanhavam apenas 400 mil t.
O restante da produção tinha endereço certo: o Brasil, que não produz toda a quantidade de arroz necessária para suprir a sua demanda interna.
Na safra passada, houve um aumento de área de arroz no Brasil, principalmente no Centro-Oeste e no Sul, o que garantiu uma produção de 11,3 milhões de t de arroz em casca.
Mesmo com essa produção, o país deverá importar no ano comercial do arroz (de fevereiro último a janeiro de 2000) cerca de 1 milhão de t.
A maior parte do produto importado vem de países vizinhos do Mercosul, além dos EUA e de algumas regiões da Ásia.
O consumo brasileiro de arroz para o ano 2000 está estimado em cerca de 12 milhões de t.
Atualmente, no mercado internacional, o arroz está sendo negociado a cerca de US$ 150/t (preço no Mercosul).
Para esta safra de verão, há estimativas que apontam para uma redução de 2% na área destinada ao arroz brasileiro, com redução de produção de até 3%.
A produção da próxima safra ficaria, caso diminua a área, em 10,970 milhões de t.
A Conab (Companhia Nacional de Abastecimento) ainda não tem dados oficiais sobre a estimativa de plantio da safra 99/2000.
Os números acima mencionados são da Safras & Mercado.
Na opinião do analista Carlos Macchi, especialista em arroz da Safras, o produtor brasileiro deve ganhar mais dinheiro com a cultura na próxima temporada por causa da redução de oferta.
Como o arroz é um item indispensável da cesta básica, não há nenhum indício de retração de consumo. Falar neste momento sobre possíveis aumentos do produto para o consumidor seria especulação, na opinião de economistas.
"Os produtores do Mercosul estão comprimindo a área. O Brasil deverá passar para esta safra com um estoque de passagem de cerca de 500 mil t", diz Macchi.


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