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Rotulagem gera polêmica
do enviado especial
Nem mesmo o governo federal se
entende sobre rotular ou não produtos com soja transgênica.
A Comissão Técnica Nacional de
Biossegurança (CTNBio), órgão
do Ministério da Ciência e Tecnologia, foi contra, quando autorizou
o plantio comercial. No Congresso
Brasileiro de Soja, Luiz Antônio
Barreto de Castro, 60, presidente
da CTNBio, reafirmou a posição.
O ministro da Agricultura, Francisco Turra, pronunciou-se a favor, na semana passada. Poucos
dias antes, sua pasta havia concedido registro para o cultivar transgênico da Monsanto.
A decisão final, ao que parece, será dada na Justiça. É o que pretendem os adversários da soja transgênica, Instituto de Defesa do Consumidor (Idec) e Greenpeace, com
apoio do Ibama -outro órgão do
governo federal.
Todos parecem concordar num
ponto: o consumidor tem o direito
de escolher. Cessa o acordo, porém, quando se trata de definir o
que, afinal de contas, deveria constar do rótulo.
Eric Johnson, da Monsanto dos
EUA, disse ser contra o uso do rótulo para sinalizar um processo
(engenharia genética). Na sua opinião, ele deveria servir só para indicar propriedades físicas e químicas mensuráveis do alimento.
"O que as pessoas exigem é informação, para o caso de correrem
riscos. Pedem que as agências reguladoras as protejam. Concordo
com isso. Não é o processo (porém) que está causando riscos."
Barreto de Castro, da CTNBio,
defende a mesma idéia, que pode
ser resumida com a expressão
"equivalência substancial" (coincidência dos padrões bioquímicos
e nutricionais conhecidos entre a
soja convencional e a transgênica).
É o critério da Organização Mundial de Saúde (OMS).
"Se for para rotular, tem de informar o consumidor se tem risco
ou não. Informação clara e precisa,
como diz o código."
Um argumento a favor dos rótulos é que, no caso de a soja transgênica provocar danos à saúde humana no futuro, a falta deles impediria a realização de estudos epidemiológicos. "Você tem razão", disse o presidente da CTNBio, quando questionado pela Folha.
Barreto de Castro ainda assim
não vê necessidade de rótulos. Disse que a soja transgênica já é cultivada desde 1996 nos Estados Unidos e que, "se tivesse de provocar
alergia, já teria acontecido".
"Os países desenvolvidos é que
estão servindo de cobaia para os
países em desenvolvimento, neste
caso", afirmou.
(ML)
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