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Posses já foram marcadas por tristeza, tensão e tumultos
JK assumiu sob estado de sítio; Figueiredo negou-se a passar faixa a Sarney
Cerimônia foi fixada no dia 1º de janeiro por questão administrativa, pois deu ao presidente controle mais rígido sobre o Orçamento
DA REDAÇÃO
Vaias, pedradas, tumulto, clima de tensão e de velório já
marcaram as posses de presidentes da República no Brasil.
Desde 1891, quando a primeira Constituição federal fixou o
início do mandato presidencial
em 15 de novembro -dia da
Proclamação da República-, a
história das cerimônias de posse possui casos peculiares, desde rixas particulares que impediram presidentes de passar a
faixa ao sucessor até governantes que assumiram o país sob
estado de sítio.
Hoje, Luiz Inácio Lula da Silva, 39º presidente da República, tomará posse pela segunda
vez, sem esperar o mesmo público que assistiu à cerimônia
de seu primeiro mandato, em 1º
de janeiro de 2003. Naquele
dia, 150 mil pessoas viram na
Esplanada dos Ministérios o
desfile de Lula e seu vice, José
Alencar, em carro aberto. A expectativa agora é que a cerimônia seja mais modesta.
A tradição de tomar posse em
1º de janeiro começou em 1994
e foi instituída pela Constituição de 1988. A data hoje é bastante criticada por dificultar a
vinda de chefes de Estado estrangeiros à cerimônia -já há
11 projetos de emenda constitucional na Câmara propondo
adiar a posse em alguns dias (o
projeto de reforma política do
Senado também faz o mesmo).
A principal razão para a cerimônia no dia 1º -proposta pelo
deputado Vivaldo Barbosa
(PDT-RJ)- foi de ordem administrativa, pois deu a cada presidente controle mais rígido sobre a execução do Orçamento.
A primeira norma, que fixou
o início do mandato em 15 de
novembro, vigorou até a Revolução de 1930. A segunda Constituição republicana, de 1934,
antecipou a posse para 3 de
maio. A norma não chegou a ser
aplicada, porque em novembro
de 1937 Getúlio Vargas deu um
golpe e instalou uma ditadura.
A Constituição seguinte, de
1946, fixou um mandato de cinco anos. Como a posse do marechal Eurico Dutra ocorreu em
31 de janeiro de 1946, as posses
seguintes ficaram na mesma
data. O regime militar alterou a
data da posse para 15 de março
-formalizada pela Constituição de 1967.
Algumas cerimônias foram
emblemáticas, como a de Juscelino Kubitschek, que, em
1956, assumiu o posto somente
após o ministro da Guerra, general Henrique Lott, depor o
governo anterior e controlar as
forças de resistência que tentavam impedir a posse. Já o início
do mandato de Rodrigues Alves
foi marcado pelas vaias recebidas pelo seu antecessor, Campos Sales, em 1902. Manifestantes chegaram a arremessar
pedras e batatas.
Eleito pelo Colégio Eleitoral,
Tancredo Neves foi hospitalizado um dia antes da posse, em
março de 1985, e morreu no
mês seguinte. Em clima de velório, José Sarney tomou posse
em 15 de março -não recebeu,
entretanto, a faixa do presidente João Figueiredo, que se negou a prestigiar a posse do desafeto que trocara o PDS pela
Frente Liberal.
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