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ESTADOS
Rio está falido, diz pedetista
Garotinho assume em meio a crise
TONI SCIARRETTA
da Sucursal do Rio
O pedetista Anthony Garotinho,
38, assume hoje o governo do Rio
-"Estado praticamente falido",
segundo suas palavras- com projetos no papel e poucas condições
financeiras de implementá-los.
Assume com uma arrecadação
mensal de R$ 576,7 milhões e uma
folha de pagamento de R$ 440,9
milhões. Do que sobra, ainda tem
de pagar juros de uma dívida herdada que consome mais cerca de
R$ 50 milhões mensais. Restam,
então, pouco mais de R$ 85 milhões para governar o Estado.
Até há pouco tempo, o Rio era tido como Estado modelo pelo governo federal no quesito enxugamento da máquina. Foi o Estado
brasileiro que mais avançou no
Programa Nacional de Desestatização. Vendeu praticamente tudo,
eliminou as estatais ineficientes e
aplicou boa parte do R$ 1,8 bilhão
obtido para abater sua dívida.
Mesmo assim, o governo do Rio
ainda tem uma dívida de R$ 16 bilhões, segundo calcula o ex-secretário de Fazenda Marco Aurélio
Alencar - a equipe de Garotinho a
calcula em R$ 24,3 bilhões.
Os números de Garotinho batem
com estudo do conselheiro do TCE
(Tribunal de Contas do Estado)
Sergio Quintella.
A equipe de Garotinho trabalha
com a estimativa de déficit operacional mensal (receita menos pagamento da dívida e despesas) de
R$ 54 milhões por mês em 99, caso
a arrecadação cumpra a meta de
crescimento de 9% no ano.
Para Quintella, isso dificilmente
se cumprirá devido à recessão. "A
expectativa é que a arrecadação de
ICMS caia ainda mais", disse.
O governador Marcello Alencar
(PSDB), que entrega o cargo hoje,
argumenta que o Estado do Rio
vendeu as estatais ineficientes para
cortar gastos e não para fazer caixa
e pagar parte de sua dívida.
"O governo se livrou do ônus do
déficit operacional do Banerj, de
R$ 70 milhões. Do déficit da Flumitrens (trens urbanos), de R$ 240
milhões, do déficit do metrô, de R$
110 milhões, do déficit da Cerj
(energia), outros R$ 40 milhões...
Déficit, déficit, déficit. Eu tirei esse
peso do Estado", disse Alencar.
Garotinho quer aproveitar o início de governo para liderar uma
frente de governadores de oposição para renegociar essa dívida.
"A equipe econômica do governo federal tem que ser flexível para
negociar com todos os Estados. Se
for rígida, pode colocar o sistema
financeiro do país em risco", disse.
A equipe de Garotinho também
descobriu um passivo oculto de
cerca de R$ 2,9 bilhões, referentes a
débitos com fornecedores. Ele afirmou que pretende renegociar essa
dívida e abatê-la pela metade.
Alencar não paga, desde 1995, os
triênios -aumento de 5% dado
aos servidores a cada três anos- e
os 33% de adiantamento relativo a
férias. Garotinho já avisou a credores e fornecedores que suspenderá
os pagamentos por 60 dias.
²
Cartas na manga
Para tocar seu projetos, Garotinho tem algumas cartas na manga.
Uma delas é aumentar a arrecadação tributando melhor a indústria
petrolífera, uma das que mais crescem no Brasil. Garotinho pretende
elaborar uma espécie de "minirreforma tributária estadual", que inclua uma forma constitucional de
sobretaxar a indústria petrolífera.
Para resolver a maior sangria do
cofre do Estado, o pagamento dos
servidores, que consome 90% da
receita líquida, Garotinho pretende criar um fundo previdenciário,
para arcar com o pagamentos dos
aposentados e pensionistas, hoje
em torno de 40% da folha.
Também para elevar a arrecadação, Garotinho pensa até em legalizar o jogo do bicho. O objetivo é arrecadar cerca de R$ 50 milhões
anuais de uma indústria que gira
cerca de R$ 600 milhões por ano.
Garotinho continua afirmando
que vai baixar os impostos. A idéia,
diz, é estimular o pagamento e diminuir a inadimplência. "Nós vamos fazer com que nossa base de
contribuinte seja ampliada."
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