São Paulo, quarta-feira, 01 de fevereiro de 2006

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ELEIÇÕES 2006/PRESIDÊNCIA

Para Serra, petista será cobrado por não ter correspondido a esperança despertada em 2002

Lula é vítima de urucubaca da frouxidão ética, diz Alckmin

LILIAN CHRISTOFOLETTI
JOSÉ ERNESTO CREDENDIO
DA REPORTAGEM LOCAL

O governador de São Paulo, Geraldo Alckmin, pré-candidato à Presidência, disse ontem que a urucubaca da qual o presidente Luiz Inácio Lula da Silva se diz vítima é a da frouxidão ética. Anteontem, diante de manifestantes, Lula acusou a oposição de torcer contra sua administração e disse que os dados que confirmam o crescimento econômico "vão acabar de vez com a urucubaca que colocaram neste governo".
"O presidente Lula se porta como um candidato [à reeleição], mas o problema dele é a urucubaca da falta de governo, do governo que não funciona, não tem projeto e é frouxo eticamente", disse.
Alckmin que, ao se colocar como candidato à Presidência gerou mal-estar com o prefeito de São Paulo, José Serra (PSDB), tem adotado uma linha de críticas a Lula e, ao mesmo tempo, de destaque para dados que considera positivos em sua gestão.
Ontem, um dia após anunciar a queda do número de homicídios em São Paulo, o governador afirmou que irá pagar R$ 51,73 milhões em precatórios alimentares. "Isso não é eleição, faz parte do meu compromisso com São Paulo", disse Alckmin, ao ser questionado sobre uma estratégia eleitoral de agenda positiva.
O governador elogiou o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso (PSDB) por palestra dada anteontem sobre a sucessão presidencial. Segundo ele, FHC esclareceu que não há um candidato preferencial entre os tucanos.
Na semana passada, após reunião entre o ex-presidente Fernando Henrique, o presidente do PSDB, Tasso Jereissati, e o governador de Minas Gerais, Aécio Neves, Serra teria sido colocado como o nome do partido.
Questionado sobre a possibilidade de o PSDB polarizar com o PT a questão de corrupção, o governador disse que o assunto "está mais do que provado" na gestão PT. "O povo está cansado de saber disso [da corrupção]."
O governador participou ontem da posse da diretoria do TCE (Tribunal de Contas do Estado). O conselheiro Cláudio Alvarenga passou a presidência do órgão para Robson Marinho. Serra chegou atrasado -subiu ao palco 11 minutos depois que a mesa das autoridades já havia sido composta e ocupou um lugar entre Laudo Natel, ex-governador de São Paulo (1971-1975), e Celso Limongi, presidente do Tribunal de Justiça.
No início da tarde, enquanto acompanhava a interdição de um prédio em Pinheiros (zona oeste) por obra irregular, o prefeito, quando questionado sobre a corrupção no governo federal, disse que "para quem sempre se propôs, como o Lula, fazer o governo mais honesto da história, sem dúvida nenhuma [a corrupção dominará o debate eleitoral]".
Sobre a palestra de FHC, para o qual Lula será cobrado e terá de se "explicar o tempo todo" durante a disputa, Serra disse que "campanha tem de tudo". "Tem de ter a crítica não-destrutiva. E tem de ter proposta, mas é óbvio que você tem de cobrar o cumprimento ou não das esperanças que foram despertadas em 2002. É evidente."


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