São Paulo, quarta-feira, 01 de fevereiro de 2006

Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

FUNDO DE PENSÃO

Relatório deverá mostrar desvios para fins políticos

FERNANDA KRAKOVICS
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

O sub-relator de fundos de pensão da CPI dos Correios, deputado Antônio Carlos Magalhães Neto (PFL-BA), pretende apresentar em seu relatório final um cruzamento das datas das aplicações financeiras feitas por fundos de pensão nos bancos Rural e BMG com os repasses do "mensalão".
O objetivo é mostrar o suposto desvio de dinheiro de entidades de previdência patrocinadas por estatais para fins políticos. "Que houve utilização de recursos de fundos de pensão para atender interesses políticos, não tenho dúvida, propriamente para abastecer o "valerioduto", ainda tenho um caminho a percorrer", afirmou ACM Neto.
Os dois bancos emprestaram, em 2003 e 2004, um total de R$ 55 milhões ao publicitário Marcos Valério de Souza, que foram repassados ao PT.
Parte do dinheiro utilizado para a suposta compra de apoio parlamentar pelo governo e para o caixa dois de campanhas eleitorais foi sacado de agências do Rural em Brasília, Belo Horizonte e São Paulo.

Operações suspeitas
Uma das operações consideradas suspeitas pela CPI é a aplicação de R$ 29,5 milhões, somente em 2005, feita pela Prece, fundo de pensão da Cedae (Companhia Estadual de Águas e Esgoto do Rio de Janeiro) em CDBs (títulos privados) do Banco Rural. O montante representa 49,4% de todos os investimentos desse tipo feitos pelo fundo naquele ano.
O Banco Rural foi classificado, de 2000 a 2004, como "Ba" no rating Moody's -índice de risco para investimentos-, o que representa crédito com risco substancial. Em 2005, após o escândalo do "mensalão", o Rural foi rebaixado para "B" -alto risco.
Segundo parlamentares, o gerente de investimentos da Prece, Paulo Martins, disse em depoimento a portas fechadas no início do mês que essas aplicações no Rural foram zeradas em novembro do ano passado. Dirigentes tanto do Rural como do BMG negam que tenham participado de esquema para desviar recursos públicos para partidos políticos.
Relatórios preliminares da CPI já apontaram perda de R$ 729 milhões, entre 2000 e 2005, de 14 fundos em operações na BM&F (Bolsa de Mercadorias & Futuros) e de R$ 75,9 milhões em negociações com títulos públicos.


Texto Anterior: Escândalo do "mensalão"/Estatais: Jefferson diz ter recebido R$ 75 mil de Furnas
Próximo Texto: Eleições 2006/Presidência: Lula é vítima de urucubaca da frouxidão ética, diz Alckmin
Índice



Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.