São Paulo, quarta-feira, 01 de fevereiro de 2006

Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

TODA MÍDIA

Nelson de Sá

Google entre nós

Foi um "show de marketing", comentou o "Valor" já em seu enunciado. Os dois fundadores do Google baixaram anteontem no Brasil com camisetas que misturavam o amarelo da seleção com o logotipo da gigante de busca.
Nada que pudesse lembrar os logos críticos que correm pela web, associando a empresa à censura chinesa.
Segundo o jornal, para além do show, pouco se falou sobre a chegada e os planos da Google para o Brasil:
- O motivo da visita ficou oculto.
 
Mas Sergey Brin, um dos dois, ao menos respondeu sobre a questão chinesa:
- Conversei com entidades [chinesas] de direitos humanos e todas concordaram que é melhor a Google participar [da rede] na China, mesmo com restrições, do que não participar de forma nenhuma.
E tome elogios diplomáticos ao Brasil, em comparação com a China "restritiva":
- A China é um mercado atraente, mas muito complexo de operar porque há fortes restrições legais, coisa que não encontramos no Brasil.
No destaque da "Gazeta Mercantil", a dupla teria ido além e espalhado que "o Brasil é a estrela dos BRICs", ou seja, seria mais atraente do que a Rússia, a Índia e a China.
As agências Reuters e Bloomberg, que também cobriram o show, sublinharam os elogios da Google ao "mercado aberto" e à perspectiva de crescimento da web no país.
Nos sites brasileiros voltados à internet, não faltaram referências nem mesmo aos elogios lançados por Brin aos brasileiros, "gente muito simpática".
 
Ao que importa. Na avaliação do "Valor":
- A dupla deixou claro que o desafio, no país, é popularizar as principais ferramentas, caso dos softwares AdSense e AdWords, que ajudam anunciantes e empresas a entrar na rede de publicidade da Google.
Segundo a Reuters acresce que "o celular é a chave":
- A aposta da Google para o Brasil e o México, países em que fez investidas recentes, é usar a grande massa de celulares, já que a base de internautas cresce, mas ainda é menor que o mercado de telefonia móvel.
 
No esforço de deixar "oculto o motivo da visita", no dizer do "Valor", Larry Page, a outra face da dupla, chegou a declarar que estava no país porque dias antes, no Fórum Econômico Mundial, em Davos, havia se surpreendido "com a liderança do Brasil no uso de etanol".
Os dois até visitaram uma usina de álcool no interior de São Paulo, horas antes.
As agências nem mencionaram a história e a cobertura on-line ironizou. Mas talvez o etanol não seja assunto tão fora de contexto ou apenas "politicamente correto", como se lia ontem na cobertura.
Pelo que destacou o "New York Times", a produção de biocombustíveis, tão cara ao Brasil de Lula e Dilma Rousseff, estaria no centro do esperado pronunciamento de George W. Bush sobre o "estado da união", na madrugada.
 
Nem etanol nem a visita. A manchete sobre a Google, nos sites dos EUA, foi o tombo no valor das ações após o anúncio de lucro abaixo das expectivas, no final de 2005. Na reportagem no Yahoo News, "bem abaixo das expectativas".

Fabiano Cerchiari/"Valor"
Larry Page (à esq.) e Sergey Brin, os bilionários fundadores da Google, no "show de marketing"


TV está morta
Do "Hollywood Reporter", uma referência na cobertura de cinema e TV nos EUA:
- A televisão está morta. Vida longa à televisão.
É um estudo da IBM, que aponta como o consumidor americano, que já havia trocado as redes pelos "nichos" da TV paga, está agora partindo para a "audiência individualizada" e "on-demand".
É a web TV. Falando ontem ao "Guardian" e outros, o "guru" Mark Burnett, idealizador dos "reality shows" "Apprentice" e "Survivor" e que prepara outro na AOL, divulgou novo oráculo, que foi para o título:
- A internet é o novo horário nobre.

Vereadores
A estiagem parece não ter fim em Brasília. Os blogs, nascidos da crise, estão em ritmo lento ou virtualmente suspensos.
As manchetes dos sites ecoam aquilo que os parlamentares, a esta altura, decidiram não fazer. Na Folha Online, à noite, "CPI dos Bingos aprova relatório sem citar Palocci". Outros mudam de assunto, para o Oscar ou o aumento do gás.
Nos telejornais, a manchete da Band foi para um "acidente com ônibus de romeiros em Minas". A do "JN", em conflito com a Record, para uns vereadores em férias com dinheiro público.

@ - nelsondesa@folhasp.com.br


Texto Anterior: Caso Celso Daniel: Jovem muda versão sobre assassinato
Próximo Texto: Panorâmica - Religião: Beatificação de padre será em Belo Horizonte
Índice


Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.