São Paulo, domingo, 01 de fevereiro de 2009

Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

Enquete da Folha indica vantagem de Sarney

Ex-presidente teria 41 votos contra 26 do petista Tião Viana; como o voto é secreto, resultado é imprevisível

LETÍCIA SANDER
ADRIANO CEOLIN
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

Em busca de um maior protagonismo na sucessão presidencial de 2010 e da sobrevivência de seu clã no Maranhão, o senador José Sarney (PMDB-AP), 78, chega à disputa pelo comando do Senado Federal amanhã em relativa vantagem em relação a seu adversário, o petista Tião Viana (PT-AC), 47.
É o que mostra enquete feita pela Folha com 71 dos 81 senadores. Em entrevistas ao longo da semana, 41 disseram que votarão em Sarney, contra 26 que declararam sua preferência pelo petista. Outros quatro não quiseram revelar o voto.
A eleição será decidida por maioria simples de um quórum mínimo de 41 senadores. Portanto, se todos que declararam voto a Sarney na enquete da Folha assim o fizerem, o peemedebista será eleito. Mas o voto é secreto, o que estimula traições de última hora e torna o resultado imprevisível. Além disso, a candidatura do petista ganhou alguma sobrevida na quinta-feira, com o anúncio do apoio do PSDB a Viana.
O eleito será o 63º presidente do Senado, o quarto cargo mais importante da República, administrador de um orçamento que em 2009 chegará a R$ 2,7 bilhões. O presidente convoca e preside as sessões do Senado e do Congresso Nacional e define a pauta de votações das duas Casas, entre outras funções.
Pela primeira vez desde 2003, a base parlamentar do governo Lula entra dividida na disputa, o que pode deixar sequelas entre os dois principais partidos de sustentação ao presidente (PT e PMDB), na reta final do mandato do petista.
Interesses pessoais e partidários estão em jogo nesta disputa. Sarney, bacharel em direito que já foi presidente da República uma vez (1985-1990) e do Senado duas (de 1995 a 1997 e de 2003 a 2005), almeja reforçar seu papel político, tanto no plano estadual quanto no próprio partido, que em 2010 decidirá se apoiará o PSDB ou o PT na sucessão presidencial.
Já Viana, médico e senador de segundo mandato, que assumiu interinamente a Presidência do Senado em 2007 em meio à uma crise, quer fortalecer seu nome dentro do PT e garantir mais visibilidade até as eleições de 2010, quando deverá disputar o governo do Acre.
Integrante da quarta maior bancada do Senado, Viana lançou seu nome em dezembro, quando o cenário estava ainda indefinido e o PMDB, sem candidato. De lá para cá, o petista obteve o aval formal de sete partidos. Pelos apoios declarados, teria 38 votos, mas o petista diz ter amealhado apoios dentro de outras siglas, o que, em tese, poderiam fazer dele vencedor. Seu lema é o de que representa a "renovação".
Sarney só assumiu a candidatura na quarta-feira passada, contrariando o que disse por cinco meses. Tem o apoio formal de quatro siglas, o que lhe daria 42 votos, levando em conta o tamanho das bancadas. Assim como o adversário, ele também contabiliza votos na seara petista, o que em tese pode elevar o placar pró-PMDB.
O presidente eleito, em tese, terá uma oportunidade para abrir a "caixa preta" do Senado, Casa hoje bem menos transparente do que a Câmara. Na enquete da Folha, 49 senadores disseram concordar com a divulgação das notas fiscais dos gastos com a verba indenizatória, ajuda de R$ 15 mil mensais, 8 senadores foram contra a divulgação das notas e 9 consultados não deram sua opinião.
A enquete também revelou que o projeto do deputado Flávio Dino (PC do B-MA), que cria uma janela para a troca de partido terá dificuldade de aprovação no Senado. Dos 66 senadores ouvidos sobre o tema, 50 disseram ser contra o projeto, que deverá se transformar numa das primeiras polêmicas da próxima legislatura.


Texto Anterior: Frase
Próximo Texto: Na Câmara, Temer lidera disputa com vantagem de 12 votos
Índice



Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.