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Enquete da Folha indica vantagem de Sarney
Ex-presidente teria 41 votos contra 26 do petista Tião Viana; como o voto é secreto, resultado é imprevisível
LETÍCIA SANDER
ADRIANO CEOLIN
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
Em busca de um maior protagonismo na sucessão presidencial de 2010 e da sobrevivência de seu clã no Maranhão,
o senador José Sarney (PMDB-AP), 78, chega à disputa pelo
comando do Senado Federal
amanhã em relativa vantagem
em relação a seu adversário, o
petista Tião Viana (PT-AC), 47.
É o que mostra enquete feita
pela Folha com 71 dos 81 senadores. Em entrevistas ao longo
da semana, 41 disseram que votarão em Sarney, contra 26 que
declararam sua preferência pelo petista. Outros quatro não
quiseram revelar o voto.
A eleição será decidida por
maioria simples de um quórum
mínimo de 41 senadores. Portanto, se todos que declararam
voto a Sarney na enquete da
Folha assim o fizerem, o peemedebista será eleito. Mas o
voto é secreto, o que estimula
traições de última hora e torna
o resultado imprevisível. Além
disso, a candidatura do petista
ganhou alguma sobrevida na
quinta-feira, com o anúncio do
apoio do PSDB a Viana.
O eleito será o 63º presidente
do Senado, o quarto cargo mais
importante da República, administrador de um orçamento
que em 2009 chegará a R$ 2,7
bilhões. O presidente convoca e
preside as sessões do Senado e
do Congresso Nacional e define
a pauta de votações das duas
Casas, entre outras funções.
Pela primeira vez desde
2003, a base parlamentar do
governo Lula entra dividida na
disputa, o que pode deixar sequelas entre os dois principais
partidos de sustentação ao presidente (PT e PMDB), na reta
final do mandato do petista.
Interesses pessoais e partidários estão em jogo nesta disputa. Sarney, bacharel em direito que já foi presidente da
República uma vez (1985-1990)
e do Senado duas (de 1995 a
1997 e de 2003 a 2005), almeja
reforçar seu papel político, tanto no plano estadual quanto no
próprio partido, que em 2010
decidirá se apoiará o PSDB ou o
PT na sucessão presidencial.
Já Viana, médico e senador
de segundo mandato, que assumiu interinamente a Presidência do Senado em 2007 em
meio à uma crise, quer fortalecer seu nome dentro do PT e
garantir mais visibilidade até as
eleições de 2010, quando deverá disputar o governo do Acre.
Integrante da quarta maior
bancada do Senado, Viana lançou seu nome em dezembro,
quando o cenário estava ainda
indefinido e o PMDB, sem candidato. De lá para cá, o petista
obteve o aval formal de sete
partidos. Pelos apoios declarados, teria 38 votos, mas o petista diz ter amealhado apoios
dentro de outras siglas, o que,
em tese, poderiam fazer dele
vencedor. Seu lema é o de que
representa a "renovação".
Sarney só assumiu a candidatura na quarta-feira passada,
contrariando o que disse por
cinco meses. Tem o apoio formal de quatro siglas, o que lhe
daria 42 votos, levando em conta o tamanho das bancadas. Assim como o adversário, ele também contabiliza votos na seara
petista, o que em tese pode elevar o placar pró-PMDB.
O presidente eleito, em tese,
terá uma oportunidade para
abrir a "caixa preta" do Senado,
Casa hoje bem menos transparente do que a Câmara. Na enquete da Folha, 49 senadores
disseram concordar com a divulgação das notas fiscais dos
gastos com a verba indenizatória, ajuda de R$ 15 mil mensais,
8 senadores foram contra a divulgação das notas e 9 consultados não deram sua opinião.
A enquete também revelou
que o projeto do deputado Flávio Dino (PC do B-MA), que
cria uma janela para a troca de
partido terá dificuldade de
aprovação no Senado. Dos 66
senadores ouvidos sobre o tema, 50 disseram ser contra o
projeto, que deverá se transformar numa das primeiras polêmicas da próxima legislatura.
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