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Contas no exterior alimentaram caixa 2 de empresa, diz PF
Relatório final da Operação Castelo de Areia sustenta que
Camargo Corrêa fazia "contabilidade paralela" para propina
Delegado afirma que essas
contas eram irrigadas por
superfaturamento de obras;
empresa nega acusações e
critica vazamento de dados
DA REPORTAGEM LOCAL
Diretores da empreiteira Camargo Corrêa, investigada na
Operação Castelo de Areia tinham, segundo a Polícia Federal, uma "contabilidade paralela", que seria destinada a pagamentos de propinas tanto no
Brasil como no exterior.
As suspeitas aparecem no relatório final da PF nesse caso,
assinado pelo delegado Otavio
Margonari Russo. Desde o início do caso a defesa da Camargo
Corrêa nega as acusações.
"A documentação aponta para a existência de uma contabilidade paralela, cujas receitas
ilícitas provavelmente relacionam-se a superfaturamento de
obras públicas", escrevem os
policiais no relatório.
Ainda de acordo com a PF, as
saídas de caixa dessa contabilidade seriam direcionadas "ao
pagamento de vantagens pecuniárias aos mais diversos agentes públicos, transações estas
que ocorreriam tanto dentro
quanto fora do país".
O advogado Celso Vilardi,
que defende a Camargo Corrêa,
repetiu que lamenta o "vazamento criminoso" de documentos apreendidos durante a
operação e disse que já pediu
investigação sobre isso.
O advogado também tem
mantido a posição de não se
manifestar sobre documentos
que estão sub judice.
A posição da defesa está baseada em uma decisão da Justiça. Em fevereiro, o Superior
Tribunal de Justiça deverá se
pronunciar sobre a liminar que
suspendeu provisoriamente a
Castelo de Areia. Os advogados
da Camargo Corrêa argumentam que a investigação começou de forma irregular e que,
por isso, todos os documentos
apreendidos devem ser considerados nulos.
A Procuradoria-Geral da República recorreu da suspensão
de todos os processos e inquéritos derivados da operação.
A subprocuradora-geral da
República Elizeta Ramos pediu
ao presidente do STJ, ministro
Cesar Asfor Rocha, que reconsidere a decisão, alegando que
não há ilegalidade nem nas denúncias anônimas nem nas
quebras de sigilo bancário e interceptações telefônicas.
Andorra
Segundo a PF, caberia ao diretor da Camargo Pietro Bianchi, com auxílio de sua secretária, Darcy Alvarenga, "a tarefa
de controlar todo o fluxo de recursos destinados a controlar
os gastos "por fora" referentes a
cada obra, bem como atender
às solicitações de recursos dos
mais variados diretores do Grupo para "remunerar" agentes
públicos de seu interesse".
Ainda de acordo com a polícia, a contabilidade funcionava
há muitos anos e parte do dinheiro movimentado estaria
fora do país, especialmente nas
duas contas mantida junto à
Banca Priva D'Andorra.
Para a PF, a receita do caixa 2
estaria relacionada a superfaturamento de obras públicas
Um documento apreendido
durante a operação mostraria
valores aplicados pela Camargo
no exterior, no montante de
US$ 241 milhões. Mas não há
datas atreladas à planilha. Os
policiais afirmam não ser possível especificar o período ao
qual ela se refere.
O Ministério Público Federal
em São Paulo afirma ter comprovantes de pagamentos de
propina no exterior ao PT do
Pará. Segundo a procuradora
da República Karen Kahn, para
conseguir um contrato de construção de hospitais no Estado,
governado por Ana Júlia Carepa (PT), a Camargo Corrêa repassou ao PT, em abril de 2008,
R$ 261.285,52 por meio da conta nº 941-11-013368-2, no First
Commercial Bank, na China.
O PMDB do Pará, diz Kahn,
também recebeu cerca de R$
130 mil, pagos no Brasil. Os envolvidos negam as acusações.
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