São Paulo, segunda-feira, 01 de fevereiro de 2010

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Contas no exterior alimentaram caixa 2 de empresa, diz PF

Relatório final da Operação Castelo de Areia sustenta que Camargo Corrêa fazia "contabilidade paralela" para propina

Delegado afirma que essas contas eram irrigadas por superfaturamento de obras; empresa nega acusações e critica vazamento de dados


DA REPORTAGEM LOCAL

Diretores da empreiteira Camargo Corrêa, investigada na Operação Castelo de Areia tinham, segundo a Polícia Federal, uma "contabilidade paralela", que seria destinada a pagamentos de propinas tanto no Brasil como no exterior.
As suspeitas aparecem no relatório final da PF nesse caso, assinado pelo delegado Otavio Margonari Russo. Desde o início do caso a defesa da Camargo Corrêa nega as acusações.
"A documentação aponta para a existência de uma contabilidade paralela, cujas receitas ilícitas provavelmente relacionam-se a superfaturamento de obras públicas", escrevem os policiais no relatório.
Ainda de acordo com a PF, as saídas de caixa dessa contabilidade seriam direcionadas "ao pagamento de vantagens pecuniárias aos mais diversos agentes públicos, transações estas que ocorreriam tanto dentro quanto fora do país".
O advogado Celso Vilardi, que defende a Camargo Corrêa, repetiu que lamenta o "vazamento criminoso" de documentos apreendidos durante a operação e disse que já pediu investigação sobre isso.
O advogado também tem mantido a posição de não se manifestar sobre documentos que estão sub judice.
A posição da defesa está baseada em uma decisão da Justiça. Em fevereiro, o Superior Tribunal de Justiça deverá se pronunciar sobre a liminar que suspendeu provisoriamente a Castelo de Areia. Os advogados da Camargo Corrêa argumentam que a investigação começou de forma irregular e que, por isso, todos os documentos apreendidos devem ser considerados nulos.
A Procuradoria-Geral da República recorreu da suspensão de todos os processos e inquéritos derivados da operação.
A subprocuradora-geral da República Elizeta Ramos pediu ao presidente do STJ, ministro Cesar Asfor Rocha, que reconsidere a decisão, alegando que não há ilegalidade nem nas denúncias anônimas nem nas quebras de sigilo bancário e interceptações telefônicas.

Andorra
Segundo a PF, caberia ao diretor da Camargo Pietro Bianchi, com auxílio de sua secretária, Darcy Alvarenga, "a tarefa de controlar todo o fluxo de recursos destinados a controlar os gastos "por fora" referentes a cada obra, bem como atender às solicitações de recursos dos mais variados diretores do Grupo para "remunerar" agentes públicos de seu interesse".
Ainda de acordo com a polícia, a contabilidade funcionava há muitos anos e parte do dinheiro movimentado estaria fora do país, especialmente nas duas contas mantida junto à Banca Priva D'Andorra.
Para a PF, a receita do caixa 2 estaria relacionada a superfaturamento de obras públicas
Um documento apreendido durante a operação mostraria valores aplicados pela Camargo no exterior, no montante de US$ 241 milhões. Mas não há datas atreladas à planilha. Os policiais afirmam não ser possível especificar o período ao qual ela se refere.
O Ministério Público Federal em São Paulo afirma ter comprovantes de pagamentos de propina no exterior ao PT do Pará. Segundo a procuradora da República Karen Kahn, para conseguir um contrato de construção de hospitais no Estado, governado por Ana Júlia Carepa (PT), a Camargo Corrêa repassou ao PT, em abril de 2008, R$ 261.285,52 por meio da conta nº 941-11-013368-2, no First Commercial Bank, na China.
O PMDB do Pará, diz Kahn, também recebeu cerca de R$ 130 mil, pagos no Brasil. Os envolvidos negam as acusações.


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