São Paulo, segunda, 1 de fevereiro de 1999

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DATAFOLHA
"As pessoas estão assustadas', afirma Arnaldo Madeira (PSDB) sobre a diminuição da popularidade de FHC
Medo da inflação é causa de queda, diz líder

da Sucursal de Brasília

Líderes governistas atribuíram a queda da popularidade do presidente Fernando Henrique Cardoso, registrada em pesquisa do Datafolha divulgada ontem, à crise econômica. Para o líder do governo na Câmara, Arnaldo Madeira (PSDB-SP), a queda se deve ao medo que a população tem de a inflação retornar.
"Estamos no meio de uma crise. As pessoas estão assustadas, com medo de que a inflação volte. É normal que as pesquisas registrem isso", disse Madeira.
O líder do PMDB na Câmara, Geddel Vieira Lima (BA), também vê a queda na popularidade do presidente com certa naturalidade.
"Isso é natural. Reflete um momento difícil pelo qual o governo está passando. Seria querer tapar o sol com a peneira dizer que não estamos em momento de crise, mas ela é passageira", afirmou.
Para Geddel, a queda de popularidade é "sazonal" e se reverterá quando a crise for superada. Segundo Madeira, a popularidade do presidente voltará ao nível anterior à crise se o governo evitar a volta da inflação.
A pesquisa do Datafolha foi realizada na última quinta-feira na cidade de São Paulo. Ela mostra que, para 59% dos paulistanos, FHC enganou os eleitores ao dizer que manteria a estabilidade do real.
Durante a campanha à reeleição no ano passado, FHC prometeu que manteria a política cambial e que não deixaria a inflação voltar.
"Quando se desvaloriza o câmbio, quem paga é o povo. O dever de um governante é defender a moeda", disse o presidente, em 30 de agosto do ano passado.
Para 43% dos paulistanos, o desempenho do governo no combate à crise econômica é ruim ou péssimo. Outros 41% consideram-no regular, e 14%, bom ou ótimo.
O governo FHC foi avaliado na última pesquisa como ótimo ou bom por 22% dos paulistanos. Para 38%, o governo é regular e, para outros 38%, é ruim ou péssimo.
Esse é o menor índice de aprovação do presidente na capital paulista desde que ele assumiu seu primeiro mandato, em 95.
Seu segundo menor índice de "ótimo/bom" na cidade foi 25%, obtido em duas pesquisas da série realizada pelo Datafolha.
Uma aconteceu em 15 de janeiro último (no início da atual crise cambial) e outra em 15 de maio de 96, logo após o massacre dos sem-terra em Eldorado do Carajás (PA), em abril daquele ano.
A nota média atribuída ao governo no levantamento da última quinta-feira também foi a mais baixa da série de avaliações: 4,5.
A maioria absoluta dos paulistanos (70%) acha que FHC perdeu o controle sobre a crise econômica, e 60% dizem que o governo é o principal responsável por ela.

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