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Defesa quer controle militar do tráfego aéreo e mais caças
Ministro recua e se alinha à Aeronáutica, que tenta não perder comando para civis
Novo comandante defende retomada do projeto F-X, de compra de aviões de
combate, e do Veículo Lançador de Satélites
LEILA SUWWAN
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
O ministro da Defesa, Waldir
Pires, afirmou que o controle
de tráfego aéreo civil deverá
permanecer subordinado à
Força Aérea. A declaração
aconteceu após a posse do novo
comandante da Aeronáutica, o
brigadeiro-do-ar Juniti Saito,
que por sua vez defendeu a retomada do projeto F-X, de
aquisição de novos caças.
Segundo Pires, o controle de
tráfego aéreo deve permanecer
integrado ao sistema de Defesa
Aérea, mas deu a entender que
há propostas sob estudo para
destacar a natureza civil do
controle da aviação geral. Com
o recuo, a Defesa se alinha à Aeronáutica, que rejeita a desmilitarização do setor, proposta pelo grupo de trabalho do governo em dezembro.
"O Brasil precisa ter uma
aviação civil poderosa e importante, mas submetida ao controle do espaço aéreo da Aeronáutica", disse Pires.
"O sistema integrado é indispensável, senão teríamos uma
repetição do que aconteceu no
11 de Setembro [problemas de
comunicação entre controle e
defesa aérea]", completou.
Segundo o comandante, o
sistema brasileiro é "invejável"
e "objeto de consulta de outros
países, principalmente no pós-11 de Setembro".
"O Comando da Aeronáutica
não pleiteia que a atividade de
controle do espaço aéreo seja
de sua exclusividade, mas não
podemos fugir à nossa responsabilidade de manter a soberania nacional em um patamar
condizente com a importância
do Brasil", disse o brigadeiro.
Segundo ele, qualquer mudança nessa área precisa passar
por uma "criteriosa análise técnica, financeira e operacional"
do governo.
A desmilitarização é a principal reivindicação da operação
padrão dos controladores, movimento que restringia o fluxo
de aviões segundo regras de segurança e que foi o estopim da
crise aérea em novembro. O governo considera que o situação
já está sob controle e não há
mais pressa ou prazos para definições sobre o assunto.
A estratégia da Aeronáutica,
conforme revelou a Folha, é
oferecer a migração dos sargentos controladores para cargos civis, com uma oferta de
gratificação salarial e novo plano de carreira, sem a "desmilitarização".
Em seu discurso de posse,
Saito destacou a necessidade
de aparelhar a Força Aérea de
acordo com a "estatura política-estratégica" do Brasil, mas
não citou as compras de armamentos por países vizinhos, como a Venezuela.
"Estamos atentos às novas
aeronaves no mercado internacional e, tão logo seja possível,
resgataremos o processo de
aquisição de novos caças para a
defesa de nosso território, o conhecido projeto F-X", disse
Saito, em referência à licitação
cancelada em 2005 para compra de novos caças. Ele também disse que a FAB irá implantar novas unidades de vigilância na região amazônica.
Questionado sobre o F-X,
Waldir Pires não foi específico,
mas disse que o presidente Lula está empenhado em fortalecer as três Forças. Mas disse
que o presidente pretende convocar em breve o Conselho de
Defesa Nacional para discutir o
fortalecimento militar dentro
de uma visão global de um plano de Defesa Nacional.
"Vamos ter dentro de muito
pouco tempo uma concepção
de como adequar o projeto global de defesa. O presidente tem
falado muito da necessidade de
convocarmos o Conselho de
Defesa, que terá uma compreensão global. Todas as Forças têm propostas legítimas,
mas esse grau de prioridades
estará vinculado a uma idéia de
plano de defesa do Brasil."
O Conselho de Defesa Nacional é um órgão de consulta presidencial que reúne para discutir assuntos de soberania nacional e defesa do território.
Ele tem 11 membros.
Entre suas prioridades, Saito
também citou a retomada do
Veículo Lançador de Satélites,
o mesmo que explodiu na base
de Alcântara em 2003, e melhorias nas condições de moradia, escola, saúde e reconhecimento para os militares -há
muito o setor pede reajustes.
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