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Painel
RENATA LO PRETE - painel@uol.com.br
Receita para azedar
Os sinais de boa vontade de Lula em relação a uma
aliança PT-PSDB em Belo Horizonte ainda não surtiram efeito sobre a disposição da cúpula nacional petista para atrapalhar o namoro entre o prefeito Fernando Pimentel e o governador Aécio Neves.
O comando da legenda encomendou às direções regionais um levantamento dos acordos partidários em
andamento para as eleições municipais de outubro.
Com o papel na mão, vai assinalar onde há risco de
união com tucanos ou "demos" e depois tentar aprovar, na reunião do Diretório Nacional marcada para
24 de março, uma resolução que vete todo e qualquer
acerto do gênero. É um jeito de melar BH e ao mesmo
tempo alegar que a decisão não foi "focalizada".
Boa vizinhança. Paulo
Paim (RS) tem evitado tomar
partido na acirrada disputa
pela candidatura petista em
Porto Alegre -a prévia será
neste mês. Detentor de forte
apoio de militantes da área
social e de aposentados, o senador se reuniu ontem com os
dois pré-candidatos, Miguel
Rossetto e Maria do Rosário.
Deixa disso. O ministro
José Múcio (Relações Institucionais) pretende dissuadir o
PT, em reunião na terça-feira,
de pleitear a presidência da
CPI mista dos Cartões Corporativos. Dirá que a apertada
correlação de forças no Senado obriga o Palácio do Planalto a fazer concessões à oposição e que é pior para o governo ter o Congresso parado.
Modelo. Enquanto o PT esperneia contra o acordo que
deu ao PSDB a presidência da
CPI, os demais partidos da base se articulam para que os tucanos presidam também a comissão da reforma tributária.
"É um bom modo de tirar o
assunto da disputa política e
fazê-lo andar", afirma o vice-líder do governo na Câmara
Ricardo Barros (PP-PR).
Sem delongas. Se depender do relator no Senado da
medida provisória que cria a
TV Brasil, Renato Casagrande
(ES), toda a chiadeira da oposição sobre a criação da taxa
para custear a rede cairá no
vazio. Embora diga que vai
dialogar com tucanos e "demos", o senador fará relatório
mantendo na íntegra a proposta aprovada na Câmara.
Lenha. As ações e declarações de Roberto Requião
(PMDB-PR) em favor da candidatura presidencial de Fernando Lugo no Paraguai já
renderam pedidos de explicação ao governo brasileiro por
parte do chanceler Ruben Ramirez e um "troco" do presidente do país vizinho. "É um
corrupto de corpo e alma",
disse anteontem Nicanor
Duarte sobre o governador.
Raízes. A convite de José
Serra (PSDB), o governador
Eduardo Campos (PSB-PE)
visita hoje a exposição sobre
Gilberto Freyre (1900-1987)
no Museu da Língua Portuguesa, em São Paulo. Políticos
e familiares do sociólogo e escritor pernambucano também estarão presentes. O museu será aberto à noite exclusivamente para recebê-los.
Contramão. O governo federal não vê com bons olhos
as gestões de Eduardo Suplicy
(PT-SP) para trazer ao Brasil
a senadora colombiana Piedad Córdoba, que atua como
mediadora junto às Farc. A
Comissão de Relações Exteriores do Senado retirou da
pauta um requerimento do
petista nesse sentido.
Tipo exportação. Primeiro foi Suplicy e sua renda cidadã no Iraque. Agora é a vez de
Patrus Ananias. O ministro do
Desenvolvimento Social fará
apresentação sobre o Bolsa
Família no Vietnã, durante
encontro das Nações Unidas.
Fora da ilha. Depois de se
reunir ontem em São Paulo
com o cônsul de Cuba, Bladimir Martinez Ruiz, a Coordenação de Movimentos Sociais
-da qual fazem parte a CUT,
o MST e a UNE- marcou para
o dia 25 de julho uma manifestação de apoio ao regime
do país de Fidel Castro.
Tiroteio
"O princípio da separação dos Poderes e a
convivência harmoniosa entre eles não tolera a
submissão do Judiciário aos desígnios do
Executivo. Se isso viesse a acontecer,
estaríamos próximos de um regime autoritário."
Do ministro CELSO DE MELLO, do STF, sobre declaração de Lula segundo
a qual seria bom que o Judiciário só "metesse o nariz nas suas coisas".
Contraponto
Muito estranho
Sob intenso bombardeio da bancada evangélica, deputados estaduais de São Paulo discutiam na semana passada,
em sessão da Comissão de Direitos Humanos, a criação
dos dias do Orgulho Gay e da Visibilidade Lésbica. Como
as propostas eram ambas do PT, minoria na Assembléia,
as chances de aprová-las eram reduzidas. Mas, num raro
entendimento, os tucanos Fernando Capez e Bruno Covas
decidiram cerrar fileiras com a oposição.
O debate estava quente quando o líder do PT, Simão Pedro, entrou no auditório. Ao ver seus correligionários lado
a lado com a dupla, não segurou o comentário:
-Baixou um Aécio nesses tucanos!
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