São Paulo, sábado, 01 de março de 2008

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Painel

RENATA LO PRETE - painel@uol.com.br

Receita para azedar

Os sinais de boa vontade de Lula em relação a uma aliança PT-PSDB em Belo Horizonte ainda não surtiram efeito sobre a disposição da cúpula nacional petista para atrapalhar o namoro entre o prefeito Fernando Pimentel e o governador Aécio Neves.
O comando da legenda encomendou às direções regionais um levantamento dos acordos partidários em andamento para as eleições municipais de outubro. Com o papel na mão, vai assinalar onde há risco de união com tucanos ou "demos" e depois tentar aprovar, na reunião do Diretório Nacional marcada para 24 de março, uma resolução que vete todo e qualquer acerto do gênero. É um jeito de melar BH e ao mesmo tempo alegar que a decisão não foi "focalizada".

Boa vizinhança. Paulo Paim (RS) tem evitado tomar partido na acirrada disputa pela candidatura petista em Porto Alegre -a prévia será neste mês. Detentor de forte apoio de militantes da área social e de aposentados, o senador se reuniu ontem com os dois pré-candidatos, Miguel Rossetto e Maria do Rosário.

Deixa disso. O ministro José Múcio (Relações Institucionais) pretende dissuadir o PT, em reunião na terça-feira, de pleitear a presidência da CPI mista dos Cartões Corporativos. Dirá que a apertada correlação de forças no Senado obriga o Palácio do Planalto a fazer concessões à oposição e que é pior para o governo ter o Congresso parado.

Modelo. Enquanto o PT esperneia contra o acordo que deu ao PSDB a presidência da CPI, os demais partidos da base se articulam para que os tucanos presidam também a comissão da reforma tributária. "É um bom modo de tirar o assunto da disputa política e fazê-lo andar", afirma o vice-líder do governo na Câmara Ricardo Barros (PP-PR).

Sem delongas. Se depender do relator no Senado da medida provisória que cria a TV Brasil, Renato Casagrande (ES), toda a chiadeira da oposição sobre a criação da taxa para custear a rede cairá no vazio. Embora diga que vai dialogar com tucanos e "demos", o senador fará relatório mantendo na íntegra a proposta aprovada na Câmara.

Lenha. As ações e declarações de Roberto Requião (PMDB-PR) em favor da candidatura presidencial de Fernando Lugo no Paraguai já renderam pedidos de explicação ao governo brasileiro por parte do chanceler Ruben Ramirez e um "troco" do presidente do país vizinho. "É um corrupto de corpo e alma", disse anteontem Nicanor Duarte sobre o governador.

Raízes. A convite de José Serra (PSDB), o governador Eduardo Campos (PSB-PE) visita hoje a exposição sobre Gilberto Freyre (1900-1987) no Museu da Língua Portuguesa, em São Paulo. Políticos e familiares do sociólogo e escritor pernambucano também estarão presentes. O museu será aberto à noite exclusivamente para recebê-los.

Contramão. O governo federal não vê com bons olhos as gestões de Eduardo Suplicy (PT-SP) para trazer ao Brasil a senadora colombiana Piedad Córdoba, que atua como mediadora junto às Farc. A Comissão de Relações Exteriores do Senado retirou da pauta um requerimento do petista nesse sentido.

Tipo exportação. Primeiro foi Suplicy e sua renda cidadã no Iraque. Agora é a vez de Patrus Ananias. O ministro do Desenvolvimento Social fará apresentação sobre o Bolsa Família no Vietnã, durante encontro das Nações Unidas.

Fora da ilha. Depois de se reunir ontem em São Paulo com o cônsul de Cuba, Bladimir Martinez Ruiz, a Coordenação de Movimentos Sociais -da qual fazem parte a CUT, o MST e a UNE- marcou para o dia 25 de julho uma manifestação de apoio ao regime do país de Fidel Castro.

Tiroteio

"O princípio da separação dos Poderes e a convivência harmoniosa entre eles não tolera a submissão do Judiciário aos desígnios do Executivo. Se isso viesse a acontecer, estaríamos próximos de um regime autoritário."


Do ministro CELSO DE MELLO, do STF, sobre declaração de Lula segundo a qual seria bom que o Judiciário só "metesse o nariz nas suas coisas".

Contraponto

Muito estranho

Sob intenso bombardeio da bancada evangélica, deputados estaduais de São Paulo discutiam na semana passada, em sessão da Comissão de Direitos Humanos, a criação dos dias do Orgulho Gay e da Visibilidade Lésbica. Como as propostas eram ambas do PT, minoria na Assembléia, as chances de aprová-las eram reduzidas. Mas, num raro entendimento, os tucanos Fernando Capez e Bruno Covas decidiram cerrar fileiras com a oposição.
O debate estava quente quando o líder do PT, Simão Pedro, entrou no auditório. Ao ver seus correligionários lado a lado com a dupla, não segurou o comentário:
-Baixou um Aécio nesses tucanos!


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