São Paulo, domingo, 1 de março de 1998

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Painel

Tá bem de amigos

Quem esteve com FHC anteontem no Planalto ouviu que ele achou um erro os governistas do PMDB terem abandonado Brasília na semana passada. Para o presidente, a mobilização para a convenção do próximo domingo não deveria ter parado.


Conhece o velho MDB

FHC avalia que os oposicionistas do PMDB cresceram nos últimos dias no vácuo deixado pelos governistas. O maior temor presidencial, segundo um interlocutor, é o adiamento da decisão.


Conhece o antecessor

O presidente acha que é inteligente a estratégia de Itamar de se apresentar como vítima na convenção. Considera forte o apelo para que os convencionais dêem uma chance a alguém que estaria "lutando para que o PMDB conquiste o Planalto".


Tente adivinhar

FHC deu a um interlocutor anteontem a impressão de que não sabe o que fará se os governistas perderem a convenção do PMDB. Se mantiver a tradição, o presidente acabará compondo.


Óleo de peroba
Um cacique do PMDB agora fala que prefere que os governistas não vençam por grande maioria a convenção do próximo domingo. Diz que poderia negociar mais concessões do Planalto até junho, alegando ser preciso aumentar a maioria.

Firme como uma rocha
O ministério de FHC tem pelo menos um cliente de Sérgio Naya (PPB), dono da construtora Sersan: Raimundo Brito (Minas e Energia), que comprou e mora num apartamento construído pelo deputado. Detalhe: Naya reside no mesmo prédio.

Sorbonne em desespero

Depois de assistir o "Globo Repórter" de anteontem, um tucano fazia piada ao telefone. "Os intelectuais do PSDB não vão gostar do que passou no programa: quem tem mais escolaridade tem menos relações sexuais."


Para inglês ver

O debates entre Marta Suplicy e Renato Simões, pré-candidatos do PT ao governo (SP), têm provocado sono. Simões não tem chance e prefere a deputada a alguém da máquina partidária. Favorita, ela não quer marola.


Barrado no baile

No PMDB, há quem ache que a recente oposição de Paulo Afonso (SC) a FHC se deve às manobras do partido para impedi-lo de disputar a reeleição. Só ele iria ficar de fora da festa.

Já chega o Maluf
Os principais líderes do PFL estão articulando um desembarque maciço em São Paulo no dia 10 de março para prestigiar a posse de Afif Domingos como secretário de Pitta. O prefeito não está gostando dessa história de que ele vem para mandar.



Caso de amor

Um dos celulares usados por Maluf tem a seguinte mensagem na secretária eletrônica: "O sistema celular funciona muito mal no Brasil. Pior que ele, só mesmo o ministro (Serjão). Tente novamente mais tarde".


Imunidade parlamentar

Dizem que Sérgio Naya (PPB), suspeito de cometer ilegalidades em diversas áreas, não se candidatou a deputado federal para ter um mandato, mas sim um habeas corpus preventivo.


Operação canguru

Pela 1ª vez desde 85, a Embratur organiza uma missão comercial à Austrália. "Sem ação oficial, tem crescido o turismo australiano no Brasil. A missão, em abril, tende a aumentar isso", diz Alfredo Spínola (Câmara de Comércio Brasil-Austrália).


O exemplo vem de cima
Convicção firmada entre os técnicos que tratam da dívida dos Estados: ela aumentou porque a União afrouxou os cordões. Sempre que é pressionado pelos governadores, FHC cede. Pode ficar pior no ano eleitoral.

Preparando terreno
São Paulo deve fechar suas contas de 97 com superávit primário ligeiramente abaixo do previsto, segundo dados preliminares do Ministério da Fazenda. Houve queda de receita, mas a folha de pessoal caiu bastante.
TIROTEIO

Do secretário-geral do PSDB, Arthur Virgílio (AM), bombardeando articulação para aliança entre Cesar Maia (PFL) e Marcello Alencar (PSDB) no Rio:
- Cesar Maia é um doidivanas que começou nas perdas internacionais e agora está no liberalismo mais completo. Com ele não há acordo.
CONTRAPONTO
Jânio e seu jeito fino de ser

Os amigos do presidente Jânio Quadros gostam de contar uma história para mostrar que, mesmo fora do poder, ele mantinha o sarcasmo e empáfia.
No começo da década de 70, a Companhia Telefônica Brasileira lançou o serviço DDD (Discagem Direta a Distância), inicialmente entre as cidades de São Paulo, Rio de Janeiro e Porto Alegre.
Quando a novidade entrou em funcionamento, o então ex-governador do Estado da Guanabara Carlos Lacerda ligou, do Rio, para Jânio, em São Paulo:
- Veja, o Rio continua o centro da cultura e da tecnologia. Agora, disco os números e falo direto com você em São Paulo.
Jânio, que a exemplo de Lacerda tivera os direitos políticos cassados pelo regime militar, retrucou, com o famoso sotaque:
- Carlos, nós aqui de São Paulo não temos nada a tratar com vocês aí do Rio.
E, antes que Lacerda pudesse responder, bateu o telefone.



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