São Paulo, quinta-feira, 01 de abril de 2004

Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

No Senado, líder do PT insinua ação de Serra no caso Waldomiro

RAQUEL ULHÔA
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

Em pronunciamento da tribuna do Senado, a líder do PT na Casa, senadora Ideli Salvatti (SC), insinuou ontem uma suposta relação entre o presidente do PSDB, José Serra, com o subprocurador da República José Roberto Santoro e com a revelação do caso Waldomiro Diniz.
Para fazer a conexão, a senadora leu trechos de um discurso feito pelo atual presidente do Senado, José Sarney (PMDB-AP), em 21 de março de 2002, no qual o subprocurador José Roberto Santoro é identificado como integrante da "tropa de choque de Serra no aparato policial e de investigação".
"Esse discurso do senador Sarney, longo, duro, firme, contundente, traz elementos históricos fundamentais para que nós possamos entender o que vimos ontem [anteontem] na TV", afirmou Ideli, referindo-se à conversa entre Santoro e o empresário de jogos Carlos Cachoeira.
Na ocasião do discurso de Sarney, a candidatura à Presidência da República da então governadora e hoje senadora Roseana Sarney (PFL-MA), sua filha, foi derrubada após operação da Polícia Federal na empresa Lunus, de propriedade do marido dela, Jorge Murad, durante a qual foram encontrados R$ 1,3 milhão em notas de R$ 50. Os jornais estamparam a foto do dinheiro.
Sarney fez discurso estabelecendo vínculos entre Serra, então candidato do PSDB a presidente, e a operação da Polícia Federal que tirou Roseana da disputa.
Fez isso recorrendo a reportagens da época que mostravam a relação de Serra com o delegado da Polícia Federal Marcelo Itagiba e com o subprocurador Santoro - que teria coordenado informalmente o pedido de busca e apreensão de documentos na Lunus, de acordo com o noticiário.
O presidente do PT, José Genoino, disse que setores minoritários do Ministério Público politizaram suas ações e defendeu que o órgão "corte em sua própria carne".
O presidente da Câmara, João Paulo Cunha (PT-SP), também cobrou investigação. "Esse negócio de espionagem, grampo, é um tipo de política que deveria ser abandonado", afirmou.
Deputados governistas e da oposição se revezaram ontem nos microfones do plenário da Câmara para falar sobre o assunto. A oposição defendeu o argumento de que a gravação divulgada anteontem só reforçaria a necessidade de instalação de uma CPI, idéia combatida pelo governo.


Colaborou RANIER BRAGON, da Sucursal de Brasília


Texto Anterior: Sombra no Planalto: Planalto vê conspiração para destruir Dirceu e depor Lula
Próximo Texto: Tucano nega relação e diz que PT quer encontrar "bode expiatório"
Índice


Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.