São Paulo, quinta-feira, 01 de abril de 2004

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Polícia suspende inquérito do caso; denúncia foi "apressada", diz Bastos

DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

A Polícia Federal suspendeu ontem o inquérito sobre o caso Waldomiro Diniz, ex-subchefe de Assuntos Parlamentares da Presidência. O órgão decidiu enviar a documentação à Justiça Federal para embasar a denúncia já feita pelo Ministério Público Federal. Segundo o ministro da Justiça, Márcio Thomaz Bastos, a denúncia "foi feita apressadamente".
"Nesse caso existe ainda um outro detalhe que precisa ser apurado, que é a denúncia que foi feita apressadamente quando o inquérito não tinha ainda terminado, quando nem sequer a sindicância do Palácio do Planalto tinha sido juntada aos autos e entregue ao promotor de Justiça", afirmou.
O delegado responsável pela investigação, Antônio César Fernandes Nunes, confirmou ontem que o inquérito foi interrompido antes de sua conclusão. "Essas provas [produzidas até agora] não são conclusivas. O inquérito não foi concluído, resta fazer perícia, analisar as quebras de sigilo."
A investigação da PF teve início no dia 13 de fevereiro a pedido de Bastos. O objetivo era investigar a conduta de Waldomiro enquanto exerceu o cargo de subchefe do ministro José Dirceu (Casa Civil).
Na segunda-feira, o procurador Marcelo Serra Azul ofereceu uma denúncia de gestão temerária contra a diretoria da Caixa Econômica Federal e Waldomiro. Com a denúncia à Justiça, o inquérito fica suspenso.
"Uma denúncia que foi feita contra diretores da Caixa, contra diretores da GTech [empresa que gerencia o sistema lotérico do país] e contra o sr. Carlos Cachoeira. Os diretores da Caixa, a maioria deles não tinha sequer sido ouvida. Faltam laudos, faltam testemunhas para serem ouvidas nesse inquérito", disse o ministro da Justiça.
Na mesma denúncia, Serra Azul pede o perdão judicial para o empresário de jogos Carlos Augusto de Almeida Ramos, o Carlinhos Cachoeira.
O pedido foi questionado pelo ministro da Justiça após a divulgação de uma conversa de Cachoeira com o subprocurador-geral da República José Roberto Santoro. No diálogo, Santoro insiste para obter do empresário uma fita de vídeo de 2002 que compromete Waldomiro Diniz.
"Saiu uma denúncia na qual, estranhamente, propõe-se o perdão judicial ao sr. Carlos Cachoeira. Por quê? Porque ele teria colaborado espontaneamente? Basta olhar a transcrição dessa fita no "Jornal Nacional" para ver que não, ao contrário, ele foi pressionado a noite inteira, até as três horas da manhã", disse Bastos.


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