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CAMPO MINADO
Coordenador do MST afirma que recurso extra liberado pelo governo não resolve problema da reforma agrária
Verba não suspende abril vermelho, diz Stedile
ELVIRA LOBATO
DA SUCURSAL DO RIO
O coordenador nacional do
MST (Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra), João Pedro Stedile, disse ontem que o suplemento de R$ 1,7 bilhão no orçamento do Ministério do Desenvolvimento Agrário, anunciado
anteontem pelo ministro Miguel
Rossetto, demonstra boa vontade
do governo, mas não resolve o
problema da reforma agrária.
A verba extra, segundo ele, tampouco mudou a disposição do
MST de fazer mobilizações em todo o país, no correr deste mês.
Stedile disse que o ""abril vermelho", anunciado por ele em Campo Grande (MT), não significa
uma onde de invasões, mas protestos por mudanças no modelo
econômico adotado no país.
""O governo está engessado pelo
Estado. O Estado brasileiro é burocrático e preparado para atender só a 10% da população. Não é
por falta de vontade de Lula que
não há mais verba para a educação ou para a saúde. É preciso que
os estudantes, os servidores públicos, os sem-terra se mobilizem
para inverter a lógica do funcionamento e as prioridades do Estado", afirmou o líder do MST.
Stedile disse que usou a expressão ""abril vermelho" como linguagem figurada, não como bravata, no sentido de estimular as
manifestações públicas.
O coordenador nacional do
MST disse também estar convencido de que a única saída para a
crise brasileira é uma grande mobilização popular de pressão por
mudanças.
Bandeiras
""Está na hora de reerguermos as
bandeiras. (...) As mobilizações de
massa, nessa conjuntura, ajudam
o governo, não são contra o governo. As mobilizações são contra
os banqueiros, os latifundiários e
contra os que querem manter privilégios", declarou.
De acordo com Stedile, o reforço do orçamento do Ministério do
Desenvolvimento Agrário não
atende as reivindicações do MST,
porque a reforma agrária requer
um conjunto de medidas, e não
apenas providências pontuais,
como a liberação de mais dinheiro ou a desapropriação de alguma
fazenda específica.
Ele disse que a reforma agrária
deve ser prioridade do governo,
não só do Incra (Instituto Nacional de Colonização e Reforma
Agrária), e o centro das medidas
de combate ao desemprego.
Stedile defendeu um mutirão,
com envolvimento de todos os órgãos da administração federal,
para escolher as regiões prioritárias, de latifúndios, para assentar
as 200 mil famílias que se encontram acampadas hoje no país.
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