DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
DA AGÊNCIA FOLHA

O ministro do Desenvolvimento Agrário, Miguel Rossetto, afirmou ontem "não ter a menor dúvida" de que a promessa feita anteontem pelo governo federal de mais do que dobrar o orçamento da pasta vá diminuir a atual tensão no campo.
Em reunião com Rossetto anteontem no Planalto, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva afirmou que o atual orçamento do ministério, de R$ 1,4 bilhão, receberá uma suplementação, em parcelas ao longo do ano, de R$ 1,7 bilhão.
Como uma forma de homenagear os 19 trabalhadores rurais sem terra assassinados por policiais militares em abril de 1996, em Eldorado do Carajás (PA), o MST (Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra) deflagrou no último sábado o que está chamando de "jornada de luta" -uma série de manifestações e invasões de terra em todo o país.
Luiz Antonio Nabhan Garcia, presidente nacional da UDR (União Democrática Ruralista), disse ontem que o governo federal, ao anunciar a ampliação do orçamento para a reforma agrária, demonstra que "está agindo sob a pressão do MST". "Num dia vem a ameaça do MST. No outro, a liberação de verbas."
O coordenador nacional do MST, João Pedro Stedile, deverá falar hoje às 10h, no Senado, à CPI mista da Terra. Nos últimos dias, ele prometeu "infernizar" o governo com invasões e chamou de "vergonhosa" a reforma agrária de Lula.
No sul da Bahia, o MST anunciou ontem que já tem 9.000 acampados à espera de uma decisão da coordenação estadual do movimento para invadir propriedades localizadas em Itamaraju, Ilhéus, Porto Seguro e Itabuna.
No Pontal do Paranapanema (SP), o movimento disse que fará hoje duas marchas contra a demora do governo federal na reforma agrária e contra a lei estadual que regulariza áreas de até 500 hectares consideradas devolutas.


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