São Paulo, sábado, 01 de abril de 2006

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ELEIÇÕES 2006/SÃO PAULO

Para Mercadante, Serra cometeu "estelionato eleitoral"; Marta afirma que transferência do cargo para Kassab terá peso nas eleições

Petistas criticam abandono da prefeitura

EPAMINONDAS NETO
FAUSTO SALVADORI FILHO
DA FOLHA ONLINE

A ex-prefeita Marta Suplicy e o senador Aloizio Mercadante, pré-candidatos do PT ao governo de São Paulo, criticaram o tucano José Serra, que deixou ontem a prefeitura para disputar as eleições de outubro. Unidos nas crítica, os petistas disseram que Serra traiu os eleitores paulistanos ao descumprir a promessa de campanha de terminar o mandato de prefeito para disputar o governo.
Para Mercadante, Serra cometeu um "estelionato eleitoral". "Serra disse em todas as oportunidades [durante a campanha] que não sairia da prefeitura para ser candidato. Ele desrespeitou completamente os eleitores e foi contra o valor mais importante que o homem público pode ter, que é sua palavra", afirmou.
Marta atacou o fato de Serra ter deixado a prefeitura com Gilberto Kassab. "Abandonar a prefeitura nessa circunstância nas mãos de Kassab, que ninguém conhece, que é do PFL e não tem representatividade, não tem como isso não pesar", disse a ex-prefeita petista.
Mercadante também disparou contra Kassab. "A cidade está condenada a ter um prefeito que não elegeu e jamais elegeria. Kassab foi o homem forte do [ex-prefeito] Celso Pitta." Ele ainda fez um trocadilho com os nomes de Kassab e Serra. "Com Serra, a gente nun-Kassab."

Prévia
O discurso de Marta e Mercadante não tem o mesmo afinamento quando o assunto é a prévia do PT, marcada para 7 de maio. Marta defende a antecipação da prévia. "Acharia interessante o PT poder antecipar [a escolha]", disse a ex-prefeita.
O argumento de Marta para antecipar a escolha do candidato ao Palácio dos Bandeirantes é a vantagem de Serra na última pesquisa Datafolha, que mostrou o tucano vencendo no primeiro turno: "O quadro é mais difícil agora. Serra é um candidato mais forte, já foi candidato à Presidência".
Mas a ex-prefeita sinalizou que não irá brigar pela antecipação, já que Mercadante é a favor da manutenção da data. "O candidato Mercadante não quer essa antecipação. Então ninguém vai fazer um cavalo de batalha disso."
Segundo Mercadante, "a data das prévias foi decidida num encontro do partido e o Diretório Nacional deve mantê-la", disse.

Apoio de Lula
Mercadante disse que sua candidatura ao governo paulista tem o apoio do presidente Luiz Inácio Lula da Silva: "O presidente Lula tem manifestado a todos que conversam com ele a avaliação que eu deveria ser candidato por São Paulo". Segundo ele, a maioria do partido o apóia: "Dos 58 prefeitos petistas, 53 já assinaram manifesto em apoio ao meu nome". Ele declarou ainda que tem o apoio de 95% dos sindicatos ligados à Central Única dos Trabalhadores e da maior parte das bancadas federal e estadual, e que seu nome tem menor rejeição: "Tenho uma rejeição bastante baixa, o que é fundamental numa campanha".
Contudo, apesar de sua pré-candidatura, ele afirmou que, atendendo a um pedido de Lula, ele permanecerá como líder do governo no Senado: "Vai ser difícil para a minha pré-candidatura, mas espero que a coisa em Brasília ande". Por outro lado, o senador acredita que o envolvimento direto com o governo pode ser um trunfo, já que a campanha, segundo ele, deve se concentrar no debate do cenário federal.
"O debate nacional, a comparação dos oito anos do governo Fernando Henrique com os três anos do governo Lula, é a discussão mais importante desta campanha", afirmou. "A experiência no governo me permite debater o governo Lula em todas as áreas."
Mercadante também disse que a candidatura do tucano Geraldo Alckmin (PSDB) à Presidência da República representa "a volta dos que saíram". "A equipe econômica com que Alckmin tem conversado é a mesma que governou o país durante o governo FHC."


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