|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
Estatais rendem ganho extra de até R$ 13,2 mil a ministros
Integrantes do governo se valem dos conselhos das empresas para aumentar salários
Planalto diz que todos são obrigados a participar das reuniões para receber jetons e atuam em setores ligados às suas áreas de atuação
HUMBERTO MEDINA
VALDO CRUZ
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
Classificados de heróis pelo
presidente Lula por aceitarem
trabalhar no governo com baixos salários, ministros se valem
dos conselhos de administração das estatais para melhorar
sua remuneração mensal. O extra varia de R$ 800 a até R$
13.172 por mês, como no caso
dos conselheiros da cobiçada
Itaipu Binacional.
A estratégia é usada não só
para melhorar o rendimento de
ministros de Estado mas também o de funcionários do segundo escalão, assessores especiais ligados diretamente a Lula
e até por aliados dos tempos de
sindicalistas do presidente.
Fora Itaipu, a média dos jetons é de R$ 2.000 mensais. O
menor valor é pago pela Radiobrás, R$ 800. O maior, pela Petrobrás, R$ 4.354. Não há limite
de participação em conselhos,
mas sim de remuneração -no
máximo duas.
Com isso, o baixo salário atacado por Lula de R$ 8.362,80
pode ficar entre R$ 14.300 e R$
25.800 brutos se o ministro
acumular seu salário com duas
vagas de conselheiro. No primeiro caso, teria de estar no
conselho da Petrobras e da Eletrobras (R$ 2.500). No segundo, de Itaipu e Petrobras.
Entre os ministros, Dilma
Rousseff (Casa Civil), Silas
Rondeau (Minas e Energia),
Guido Mantega (Fazenda),
Márcio Fortes (Cidades), Luiz
Marinho (Previdência) e Paulo
Bernardo (Planejamento) estão entre os que integram conselhos de administração de estatais e complementam seu salário de R$ 8.362,80, mais apartamento funcional ou auxílio
moradia de R$ 1.800.
Rondeau ocupa cinco conselhos, mas é remunerado só em
dois por conta do limite da legislação -Itaipu e Petrobras,
fazendo seu salário chegar a R$
25.800. Dilma atua no da Petrobras desde que era ministra
de Minas e Energia. Mantega
integra o do BNDES.
O governo justifica que todos
são obrigados a participar das
reuniões para receber os jetons
e atuam em setores ligados à
sua área de atuação ou de responsabilidade. Essa última regra, porém, não é totalmente
seguida em outras esferas.
O sindicalista e bancário
João Vaccari Neto, por exemplo, ocupa o assento do conselho de Itaipu Binacional e recebe R$ 13.172,00 brutos, cerca de
R$ 9.000 líquidos, para participar das reuniões do conselho
da hidrelétrica. Vaccari é filiado
ao PT e à CUT (Central Única
dos Trabalhadores) e segundo
suplente do senador Aloizio
Mercadante (PT-SP).
Dois outros casos de conselheiros que atuam em estatais
sem nenhuma ligação com seu
trabalho de origem são assessores especiais da Presidência:
Cezar Santos Alvarez no BNB
(Banco do Nordeste do Brasil) e
Mirian Belchior na Eletrobras.
O BNDES acolhe outros dois
sindicalistas em seu conselho:
um da CUT, seu ex-presidente
João Felício, e outro da Força
Sindical, João Pedro Moura.
Por mês, recebem R$ 3.000. O
banco informa que eles integram o conselho porque uma
das principais fontes de recursos da instituição é o FAT (Fundo de Amparo ao Trabalhador).
Heróis
Lula chamou os ministros de
heróis em cerimônia de posse
de sua nova equipe. "Quando fico vendo ministros que ganhavam muito bem vindo ganhar
R$ 7.000 ou R$ 8.000 eu falo:
são heróis, porque tem gente da
mais alta qualificação."
O salário dos ministros poderá subir dos atuais R$ 8.362,80,
mais direito a moradia, para R$
16.250 se for aprovado projeto
em discussão no Congresso que
corrige em 26,5% os salários
dos parlamentares. Além desse
reajuste, o projeto iguala o vencimento dos ministros aos dos
deputados e senadores, que ganham hoje R$ 12.847, além de
outras verbas de gabinete.
Os conselhos de administração são usados também nos ministérios econômicos e de infra-estrutura para atrair técnicos do setor privado ou evitar a
perda de funcionários.
Texto Anterior: PT prega liberdade de imprensa "radical" Próximo Texto: Caixa destinou R$ 10 mi a eventos do Judiciário sob Lula Índice
|