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PT prega liberdade de imprensa "radical"
Ala majoritária do partido discutiu em reunião ontem o tema comunicação; tese terá de ser aprovada em congresso
Em texto, corrente afirma que o governo Lula é mais de esquerda do que se imagina e admite erros da sigla, mas sem citar crise do mensalão
LILIAN CHRISTOFOLETTI
DA REPORTAGEM LOCAL
Apontado por alguns petistas
como o responsável pela crise
política que abalou o PT em
2005, o Campo Majoritário defendeu ontem a "radicalização
da liberdade de imprensa" e garantiu que o governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva,
que tem como aliadas siglas de
direita, como o PP, é mais de esquerda do que se imagina.
As afirmações fazem parte de
um documento preparado pelo
Campo Majoritário, que será
apresentado no 3º Congresso
Nacional do PT, em agosto.
O documento diz que "a radicalização da liberdade de imprensa e seu compromisso público" fazem parte do "compromisso com o PT como partido
socialista e democrático".
"É preciso fortalecer a concepção de um sistema de comunicação que combine a atuação
do setor público, do setor privado e dos instrumentos de comunicação comunitária", diz
mais adiante o texto.
A tese é defendida no momento em que o governo Lula
anunciou o projeto uma TV pública e criou a Secretaria de Comunicação Social para tocá-lo.
Diante das críticas sobre o
distanciamento entre a prática
do governo e a ideologia petista,
o documento afirma que "o governo Lula é mais de esquerda
do que foi caracterizado pela
imprensa e, algumas vezes, por
discursos de membros do próprio governo". O entendimento
contrário, continua, revela
"certa falta de compreensão
dos avanços propostos e alcançados nesses quatro anos".
Na tese, a corrente petista informa que reconhece os erros
do PT -não cita a palavra mensalão-, defende o combate à
corrupção e a reconquista do
apoio dos intelectuais e da militância. Pede ainda a retomada
do debate sobre o socialismo
petista, sem que ele se torne
uma "camisa-de-força". "Socialismo, para o PT, não deve ser
confundido com estatização,
mas entendido como socialização da política", diz o texto.
"Não queremos refundar o
PT", disse ontem o presidente
da sigla, Ricardo Berzoini. "O
que precisamos é construir um
diálogo interno mais forte."
"O PT precisa ser contemporâneo, mas fundar de novo,
não", disse o deputado João
Paulo Cunha. Participaram
ainda do ato o ministro Luiz
Marinho (Previdência), o presidente da Câmara, Arlindo Chinaglia, e os senadores Aloizio
Mercadante e Eduardo Suplicy.
Acusado de envolvimento no
mensalão, José Genoino aproveitou o encontro para um "desabafo pessoal". Disse não ter
subscrito a tese, apesar da afinidade de idéias. "Ainda estou
num momento de autocrítica."
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