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Irônico, Machado sabia escrever "com a pena da galhofa e a tinta da melancolia'
ESPECIAL PARA A FOLHA
A um ano do centenário de
sua morte, Machado de Assis
(1839-1908) segue firme no
posto de maior escritor brasileiro, uma opinião praticamente consensual. A unanimidade é
tão grande que hoje poucos
lembrariam que nem sempre
foi assim.
O Bruxo do Cosme Velho
sempre foi considerado um
grande escritor, mas sua genialidade só seria mundialmente
reconhecida nas últimas décadas. Não há exagero no "mundialmente". Traduzido para o
inglês, Machado de Assis é colocado ao lado dos grandes nomes da literatura por críticos
como Harold Bloom, Susan
Sontag e Albert Manguel.
Neto de ex-escravos, Machado captou o Rio de Janeiro dos
oprimidos da sua infância e das
elites que mais tarde freqüentou. Seus personagens movem-se nesse ambiente, marcado
pela ambigüidade, que no entanto é mais psicológica do que
social. É um mundo sempre dividido, como o próprio Machado, que, vivendo a transição para o regime republicano, politicamente declarava-se monarquista e abolicionista.
A primeira obra-prima foi
"Memórias Póstumas de Brás
Cubas", que, em 1881, deu início à segunda e mais importante fase da carreira do escritor,
consolidada com a publicação
de "Quincas Borba" (1891) e
"Dom Casmurro" (1881).
Ironia e sutileza estão entre
as características mais identificadas em seus romances. Um
narrador escrevia "com a pena
da galhofa e a tinta da melancolia". Uma personagem amou
"por quinze meses e onze contos de réis". São frases, como
tantas outras, que estão incorporadas ao repertório do leitor
contemporâneo.
(OP)
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