São Paulo, domingo, 01 de abril de 2007

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Irônico, Machado sabia escrever "com a pena da galhofa e a tinta da melancolia'

ESPECIAL PARA A FOLHA

A um ano do centenário de sua morte, Machado de Assis (1839-1908) segue firme no posto de maior escritor brasileiro, uma opinião praticamente consensual. A unanimidade é tão grande que hoje poucos lembrariam que nem sempre foi assim.
O Bruxo do Cosme Velho sempre foi considerado um grande escritor, mas sua genialidade só seria mundialmente reconhecida nas últimas décadas. Não há exagero no "mundialmente". Traduzido para o inglês, Machado de Assis é colocado ao lado dos grandes nomes da literatura por críticos como Harold Bloom, Susan Sontag e Albert Manguel.
Neto de ex-escravos, Machado captou o Rio de Janeiro dos oprimidos da sua infância e das elites que mais tarde freqüentou. Seus personagens movem-se nesse ambiente, marcado pela ambigüidade, que no entanto é mais psicológica do que social. É um mundo sempre dividido, como o próprio Machado, que, vivendo a transição para o regime republicano, politicamente declarava-se monarquista e abolicionista.
A primeira obra-prima foi "Memórias Póstumas de Brás Cubas", que, em 1881, deu início à segunda e mais importante fase da carreira do escritor, consolidada com a publicação de "Quincas Borba" (1891) e "Dom Casmurro" (1881).
Ironia e sutileza estão entre as características mais identificadas em seus romances. Um narrador escrevia "com a pena da galhofa e a tinta da melancolia". Uma personagem amou "por quinze meses e onze contos de réis". São frases, como tantas outras, que estão incorporadas ao repertório do leitor contemporâneo. (OP)

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