São Paulo, quarta-feira, 01 de abril de 2009

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Militares homenageiam vítimas da guerrilha de esquerda na ditadura

ANDRÉ ZAHAR
DA SUCURSAL DO RIO

Em comemoração aos 45 anos do golpe militar de 1964, que derrubou o governo do presidente João Goulart, clubes que reúnem oficiais da reserva de Exército, Marinha e Aeronáutica descerraram ontem três placas com 126 nomes de vítimas de ações armadas de grupos de esquerda em 21 anos de ditadura militar.
Do lado de fora da solenidade no Clube Militar, comemorativa do que o convite chamou de 45º aniversário da "Revolução Democrática de 31 de março de 1964", houve protestos de dezenas de estudantes, contra o que chamaram de "festa dos assassinos".
O comandante Militar do Leste, general Rui Alves Catão, evitou se associar às homenagens ao golpe, dizendo que havia comparecido apenas para assistir à palestra do economista Ubiratan Iório.
O rol inclui ao menos 42 policiais, 18 militares e 4 estrangeiros. Entre eles, Henning Albert Boilesen, ex-presidente da Ultragás acusado de financiar ações e participar de sessões de tortura da Operação Bandeirante.
Na solenidade, estudantes ligados à UNE (União Nacional dos Estudantes) entoaram gritos contra a reunião. "Viemos cobrar abertura dos arquivos da ditadura", disse Rafael Simões, diretor da UNE.
O presidente do Clube da Aeronáutica, brigadeiro Carlos de Almeida Baptista, criticou os protestos. "Temos uma lição de história que deveria estar sendo transmitida e não as histórias que estão contando, que não são verdadeiras."
Iório disse que o regime militar aqui foi mais "acanhado" que as ditaduras socialistas.
Ontem o presidente do STF Gilmar Mendes afirmou que "a solução do imbróglio institucional em que o Brasil se meteu em 1964 muito se deve aos políticos da situação e da oposição, como Jarbas Passarinho, Petrônio Portela [ex-ministros no regime militar] Paulo Brossard, Marcos Freire [ambos eram do MDB].
"Vemos em alguns segmentos uma tendência de valorizar o chamado companheiro de armas. É preciso que valorizemos homens que se dedicaram ao fazer da política e do direito, dentro de marcos institucionais, não nos convidando a aventuras", disse.


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