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Militares homenageiam vítimas da guerrilha de esquerda na ditadura
ANDRÉ ZAHAR
DA SUCURSAL DO RIO
Em comemoração aos 45
anos do golpe militar de 1964,
que derrubou o governo do
presidente João Goulart, clubes que reúnem oficiais da reserva de Exército, Marinha e
Aeronáutica descerraram ontem três placas com 126 nomes de vítimas de ações armadas de grupos de esquerda em
21 anos de ditadura militar.
Do lado de fora da solenidade no Clube Militar, comemorativa do que o convite chamou de 45º aniversário da
"Revolução Democrática de
31 de março de 1964", houve
protestos de dezenas de estudantes, contra o que chamaram de "festa dos assassinos".
O comandante Militar do
Leste, general Rui Alves Catão, evitou se associar às homenagens ao golpe, dizendo
que havia comparecido apenas para assistir à palestra do
economista Ubiratan Iório.
O rol inclui ao menos 42 policiais, 18 militares e 4 estrangeiros. Entre eles, Henning
Albert Boilesen, ex-presidente da Ultragás acusado de financiar ações e participar de
sessões de tortura da Operação Bandeirante.
Na solenidade, estudantes
ligados à UNE (União Nacional dos Estudantes) entoaram
gritos contra a reunião. "Viemos cobrar abertura dos arquivos da ditadura", disse Rafael Simões, diretor da UNE.
O presidente do Clube da
Aeronáutica, brigadeiro Carlos de Almeida Baptista, criticou os protestos. "Temos uma
lição de história que deveria
estar sendo transmitida e não
as histórias que estão contando, que não são verdadeiras."
Iório disse que o regime militar aqui foi mais "acanhado"
que as ditaduras socialistas.
Ontem o presidente do STF
Gilmar Mendes afirmou que
"a solução do imbróglio institucional em que o Brasil se
meteu em 1964 muito se deve
aos políticos da situação e da
oposição, como Jarbas Passarinho, Petrônio Portela [ex-ministros no regime militar]
Paulo Brossard, Marcos Freire [ambos eram do MDB].
"Vemos em alguns segmentos uma tendência de valorizar o chamado companheiro
de armas. É preciso que valorizemos homens que se dedicaram ao fazer da política e do
direito, dentro de marcos institucionais, não nos convidando a aventuras", disse.
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