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ELEIÇÕES
Liderados por Cabo Júlio (PL), integrantes da PM e da Polícia Civil querem ser prefeitos e vereadores
Minas terá 400 policiais-candidatos
RANIER BRAGON
da Agência Folha,
em Belo Horizonte
Pré-candidato à Prefeitura de
Belo Horizonte e líder dos soldados e cabos da Polícia Militar de
Minas Gerais, o deputado federal
Cabo Júlio (PL), 29, quer formar
um batalhão de policiais-candidatos em pelo menos 300 dos 853
municípios do Estado nas eleições deste ano.
Cabo Júlio e outros líderes da
greve da PM mineira em 1997 asseguram que já cadastraram cerca de 400 PMs e policiais civis que
disputarão por diferentes partidos a indicação para concorrer
aos legislativos municipais e às
prefeituras do interior.
A principal bandeira desses
candidatos será a segurança pública -embora essa seja uma
atribuição constitucional dos governos estaduais.
O carro-chefe do movimento é
a candidatura de Júlio César Gomes dos Santos, o Cabo Júlio, em
Belo Horizonte.
Deputado federal mais votado
em 1998 -votação resultante de
seu papel na liderança entre os
grevistas-, ele estava em terceiro lugar na última pesquisa do
Datafolha relativa às eleições para
prefeito da capital mineira, feita
em meados de março.
O deputado teve pico de 15%
das intenções de voto, nos quatro
cenários pesquisados. O prefeito
Célio de Castro (PSB) liderava a
disputa -em seu melhor desempenho nos cenários pesquisados,
ele conta com 22% dos votos.
"O pessoal (que é como o deputado se refere aos PMs) adquiriu
uma conscientização e um poder
de organização muito grandes
depois da greve de 1997", declarou. De acordo com ele, a principal meta das candidaturas é quadruplicar a bancada policial nos
municípios, hoje de 48 vereadores, elevando-a para mais de 200.
O deputado afirma já estar percorrendo os municípios de Minas
para motivar os policiais-candidatos: "Estamos fazendo um trabalho de orientação porque isso
(a atuação política) é um fato
muito novo para o nosso pessoal", afirmou.
Para Washington Fernando
Rodrigues, o Sargento Rodrigues
(PL) -segundo deputado estadual mais votado em 1998 em Minas-, 35, "o eleitor quer renovar, não quer os caciques da política, as pessoas que estão lá há
muitos anos". O deputado também liderou a greve de 1997.
De acordo com ele, no interior
do Estado há ainda resistência de
oficiais à mobilização política da
tropa. "Há comandantes com cabeças conservadoras e que pensam que quartel é feudo", disse o
deputado.
O comando da Polícia Militar
em Minas disse à Agência Folha
que, por enquanto, não vai expressar posição sobre as candidaturas de cabos e soldados. Existem hoje, no Estado, 53 mil PMs
na ativa e na reserva.
O soldado Rosenir Severino da
Silva, 38, é um dos integrantes do
movimento liderado pelo Cabo
Júlio. Vereador em Guimarânea
(5.700 habitantes), no Triângulo
Mineiro, ele trabalha para ser
candidato a prefeito pela coligação PPS-PFL -improvável em
nível nacional, mas viável na cidade.
Silva afirmou que aprendeu "a
ser honesto na PM" e que sua
campanha será centrada no reforço da segurança pública e na
atenção a questões sociais.
Ele disse que gostaria de ter a
presença dos líderes da greve de
1997 na cidade, caso sua candidatura seja confirmada, embora a
maioria deles seja filiada ao PL.
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