São Paulo, segunda-feira, 01 de maio de 2000


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ELEIÇÕES

Liderados por Cabo Júlio (PL), integrantes da PM e da Polícia Civil querem ser prefeitos e vereadores

Minas terá 400 policiais-candidatos


RANIER BRAGON
da Agência Folha,
em Belo Horizonte

Pré-candidato à Prefeitura de Belo Horizonte e líder dos soldados e cabos da Polícia Militar de Minas Gerais, o deputado federal Cabo Júlio (PL), 29, quer formar um batalhão de policiais-candidatos em pelo menos 300 dos 853 municípios do Estado nas eleições deste ano.
Cabo Júlio e outros líderes da greve da PM mineira em 1997 asseguram que já cadastraram cerca de 400 PMs e policiais civis que disputarão por diferentes partidos a indicação para concorrer aos legislativos municipais e às prefeituras do interior.
A principal bandeira desses candidatos será a segurança pública -embora essa seja uma atribuição constitucional dos governos estaduais.
O carro-chefe do movimento é a candidatura de Júlio César Gomes dos Santos, o Cabo Júlio, em Belo Horizonte.
Deputado federal mais votado em 1998 -votação resultante de seu papel na liderança entre os grevistas-, ele estava em terceiro lugar na última pesquisa do Datafolha relativa às eleições para prefeito da capital mineira, feita em meados de março.
O deputado teve pico de 15% das intenções de voto, nos quatro cenários pesquisados. O prefeito Célio de Castro (PSB) liderava a disputa -em seu melhor desempenho nos cenários pesquisados, ele conta com 22% dos votos.
"O pessoal (que é como o deputado se refere aos PMs) adquiriu uma conscientização e um poder de organização muito grandes depois da greve de 1997", declarou. De acordo com ele, a principal meta das candidaturas é quadruplicar a bancada policial nos municípios, hoje de 48 vereadores, elevando-a para mais de 200.
O deputado afirma já estar percorrendo os municípios de Minas para motivar os policiais-candidatos: "Estamos fazendo um trabalho de orientação porque isso (a atuação política) é um fato muito novo para o nosso pessoal", afirmou.
Para Washington Fernando Rodrigues, o Sargento Rodrigues (PL) -segundo deputado estadual mais votado em 1998 em Minas-, 35, "o eleitor quer renovar, não quer os caciques da política, as pessoas que estão lá há muitos anos". O deputado também liderou a greve de 1997.
De acordo com ele, no interior do Estado há ainda resistência de oficiais à mobilização política da tropa. "Há comandantes com cabeças conservadoras e que pensam que quartel é feudo", disse o deputado.
O comando da Polícia Militar em Minas disse à Agência Folha que, por enquanto, não vai expressar posição sobre as candidaturas de cabos e soldados. Existem hoje, no Estado, 53 mil PMs na ativa e na reserva.
O soldado Rosenir Severino da Silva, 38, é um dos integrantes do movimento liderado pelo Cabo Júlio. Vereador em Guimarânea (5.700 habitantes), no Triângulo Mineiro, ele trabalha para ser candidato a prefeito pela coligação PPS-PFL -improvável em nível nacional, mas viável na cidade.
Silva afirmou que aprendeu "a ser honesto na PM" e que sua campanha será centrada no reforço da segurança pública e na atenção a questões sociais.
Ele disse que gostaria de ter a presença dos líderes da greve de 1997 na cidade, caso sua candidatura seja confirmada, embora a maioria deles seja filiada ao PL.


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