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HERANÇA MILITAR
Grupo quer formar associação e buscar reparação na Justiça
Como os pracinhas, ex-soldados querem receber indenização
DOS ENVIADOS ESPECIAIS A MARABÁ (PA)
Os ex-militares que combateram no Araguaia emergem agora
das sombras porque se julgam
credores do Estado. Querem ser
tratados como os pracinhas da
Força Expedicionária Brasileira,
enviados à Segunda Guerra Mundial. Planejam buscar reparação
na Justiça.
"Soldado que participou de
uma guerra, defendeu o país dele,
deve ter direito a uma aposentadoria", diz o ex-recruta Antônio
Adalberto Fonseca, 56. E emenda:
"As famílias dos guerrilheiros estão recebendo indenizações. E
nós, que defendemos a nossa pátria, não temos direito?".
Os ex-soldados pretendem fundar uma associação para defender
os seus interesses.
O movimento é liderado por
Raimundo Antônio Ferreira de
Melo, 51, que foi recruta da turma
de 1974.
Obcecado com a idéia da "indenização", Raimundo Antônio
Ferreira de Melo estimula os ex-militares a fazer fila diante da porta do Ministério Público Federal
em Marabá (PA). Alguns deles já
chegaram a prestar depoimento.
Testemunhos
Os ex-recrutas planejam utilizar as cópias dos testemunhos à
Procuradoria da República para
ajuizar na Justiça Federal os processos indenizatórios. O "líder"
Ferreira de Melo já abriu tratativas com dois advogados.
No esforço para obter reparação, os ex-soldados mencionam
também problemas de saúde supostamente contraídos nos treinamentos do Exército. A lista inclui de dificuldades auditivas a
complicações cardíacas.
Outro lado
A Folha pediu ao Exército que
se manifestasse sobre os depoimentos de seus ex-recrutas.
A resposta, escrita, coube em
um parágrafo: "Em função do
tempo decorrido do fato e de o assunto ser relacionado com a abertura de eventuais arquivos, este é
tratado no nível do governo federal pela Comissão Interministerial
de Averiguação e Análise de Informações Sigilosas, criada em 9
de dezembro de 2004".
A comissão interministerial
mencionada na resposta do Exército funciona no Gabinete Civil da
Presidência da República. Coordena-a o ministro José Dirceu.
A reportagem endereçou à assessoria de imprensa de Dirceu os
mesmos questionamentos que
encaminhara ao Exército. A resposta também veio por escrito.
Informa o seguinte:
"1) a comissão tem a atribuição
de analisar documentos oficiais
"classificados no mais alto grau
de sigilo". Quando expirado o
prazo de sigilo do papel, a comissão decide se o período de segredo deve ou não ser prorrogado;
2) a comissão não age por conta
própria. Precisa ser provocada
pela autoridade que detém a
guarda do documento com prazo
de sigilo vencido ou por alguma
pessoa interessada em ter acesso
ao papel;
3) até o presente momento, não
houve nenhuma manifestação
submetendo à análise da Comissão de Averiguação supostos documentos relativos à Guerrilha do
Araguaia. (...) Assim, não há como se manifestar sobre as informações solicitadas pelos jornalistas".
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